
A Executiva Nacional do PT resolveu dar um voto de confiança para o deputado federal licenciado André Vargas (PT-PR). O partido vai enviar uma comissão de três membros para ouvir o ex-vice presidente da Câmara sobre as denúncias envolvendo seu nome, antes de criar uma Comissão de Ética para decidir seu futuro no partido.
Segundo o presidente nacional da legenda, Rui Falcão, a comissão será integrada por um dos vice-presidentes do partido, Alberto Cantalice; pelo responsável pela "organização" da sigla, Florisvaldo Souza; e por Carlos Árabe, da formação política do PT. A decisão foi tomada ontem, em São Paulo, após reunião extraordinária da executiva para discutir a situação de André Vargas.
"Previamente à instalação da comissão de ética [no partido], a Executiva Nacional decidiu ouvir o companheiro André Vargas a respeito dos fatos noticiados", disse Falcão em entrevista coletiva após a reunião. O relato da comissão à Executiva Nacional subsidiará "encaminhamentos posteriores", segundo Falcão. No entanto, já é considerada certa a instalação da comissão em um segundo momento.
Vários petistas entenderam a declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma entrevista a blogueiros como um pedido de rigor na investigação interna. Para Lula, Vargas precisa explicar sua relação com o doleiro Alberto Youssef para que o PT "não pague o pato".
A reunião petista sobre o futuro de Vargas não contou com a presença de seus correligionários no Congresso. A senadora Gleisi Hoffmann e os deputados Dr. Rosinha, Assis do Couto e Angelo Vanhoni não participaram da reunião. "Não participei e não tenho falado com ele ultimamente. Mas acho que a decisão de pedir afastamento e se desligar da vice-presidência foi correta. Assim ele pode preparar melhor sua defesa." A reportagem não conseguiu contato com o deputado Zeca Dirceu.
Ontem, Vargas usou o Twitter para se defender. Ele contou que está em São Paulo para preparar a defesa que deverá ser apresentada ao Conselho de Ética da Câmara. Na quarta-feira, o colegiado abriu um processo disciplinar para apurar se o petista quebrou o decoro parlamentar. "Estou certo de que não cometi ato ilícito e vou provar isso, de cabeça erguida. Não traí a confiança que sempre mereci do povo do Paraná", escreveu.
Na rede social, Vargas criticou a cobertura do caso. "A imprensa está devassando minha vida, e vendo que não tenho nada a esconder. Meu patrimônio condiz com o salário de deputado", afirmou, para, em outro post, comentar sobre a atenção dado aos seus familiares: "Lamento que minha família e amigos estejam acossados por repórteres. O alvo sou eu, não eles."
Segurança máxima
A Polícia Federal pediu ontem a transferência dos doleiros Alberto Youssef e Carlos Habid Chatter para o presídio federal de Catanduvas, no Oeste paranaense, considerado de segurança máxima. Os dois foram presos na Operação Lava Jato sob acusação de comandarem um esquema de lavagem de dinheiro. A defesa de Youssef disse à imprensa considerar o pedido "absurdo".
Escuta estaria na cela
A defesa do doleiro Alberto Youssef afirma que ele encontrou um sistema de escuta dentro de sua cela, na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. A denúncia foi registrada ontem no site da revista Veja. Youssef teria encontrado o equipamento e mostrado a seus advogados no parlatório. O equipamento foi fotografado e o caso foi levado ao juiz responsável pelo caso, Sérgio Moro. Segundo o texto protocolado pelos advogados, os autos do processo não mostram nenhuma autorização judicial para a implantação de escutas, o que faria supor que se trata de um equipamento colocado clandestinamente no local.
Porta fechada
Um dia após André Vargas abrir mão da vice-presidência da Câmara, o escritório de representação regional do deputado federal, no centro de Londrina, já estava fechado. A exoneração dos 19 secretários parlamentares do petista que atuam no interior do estado e em Brasília foi publicada ontem no Diário Oficial. A medida é regimental e resultado do pedido de licença sem remuneração de Vargas. Uma vez afastado das funções, o deputado não tem mais direito a salário nem a verbas de gabinete. "A expectativa agora é que o deputado se defenda, retome o mandato e os secretários sejam recontratados", comentou um dos assessores de imprensa de Vargas, Ricardo Weg.




