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| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A votação no Senado da chamada “pronúncia” do processo de impeachment contra a presidente da República Dilma Rousseff, afastada desde maio do cargo, saiu como planejado pelo Planalto, sob o comando do interino Michel Temer. Apesar disso, aliados do peemedebista andam apreensivos com os rumos da administração federal, que estaria lenta nas respostas à crise econômica.

O julgamento da petista por crime de responsabilidade foi apoiado por 59 senadores, do total de 81, durante sessão concluída na madrugada desta quarta-feira (10). O placar ficou dentro da estimativa do peemedebista, que trabalhava com o apoio de “cerca de 60 parlamentares”, embora precisasse de menos – bastavam 41 votos para transformar Dilma em ré. O número também é um indicativo de que o julgamento final da petista não deve trazer surpresas: o voto de ao menos 54 senadores a favor do impeachment já efetivaria Temer na Presidência da República.

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Mas, apesar do quadro pró-impeachment aparentemente sólido no Senado, as cobranças levantadas por aliados de Michel Temer ganham cada vez mais corpo. Líderes da base aliada acreditam que a frouxidão do governo federal no debate de matérias ligadas à bandeira máxima da administração hoje – a do ajuste fiscal – não pode continuar, sob riscos de perder apoios dentro de determinados segmentos da sociedade e a confiança do mercado sinalizada até aqui.

Tropeços

Desde o início da interinidade, o Planalto já passou por dificuldades relevantes no Congresso Nacional. A mais recente envolve o projeto de lei complementar 257/2016, que permite o alongamento das dívidas dos estados com a União, em trâmite final na Câmara dos Deputados.

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Parte das contrapartidas dos estados, voltadas à redução de gastos públicos, foi retirada da proposta original, após pressão de servidores públicos. O próprio ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, até então alçado à principal autoridade técnica do governo Temer, minimizou o recuo em declarações à imprensa, reconhecendo a dificuldade política para aprovar a matéria sem alterações.

Dentro do plenário da Câmara dos Deputados, a reação dos aliados do Planalto foi praticamente nula, o que dá força à ideia de que o governo Temer ainda não teria na Casa nomes fortes para defender publicamente as medidas amargas do Executivo.

Nos bastidores, circula que o deputado federal André Moura (PSC-SE), hoje na liderança do governo Temer na Câmara dos Deputados, pode até ser “trocado” futuramente. Aliado do deputado federal afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cuja cassação é iminente, Moura ganhou o cargo em uma articulação capitaneada pelo Centrão, bloco que já vem perdendo força desde a vitória de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Casa.

Recentemente, a possibilidade de candidatura do peemedebista nas eleições de 2018, ventilada por Rodrigo Maia, também não ajudou. Em especial os caciques do PSDB querem que Michel Temer apenas “arrume a casa” para o próximo mandatário, o que só seria possível sem o compromisso com as urnas. A cobrança de tucanos é por reformas como a da previdência e a trabalhista – matérias mais complexas do que renegociação de dívidas estaduais.

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Mudanças?

Auxiliares de Temer argumentam que a fragilidade do Planalto nas negociações que envolvem a área fiscal tem ligação com o fato de o peemedebista ainda ocupar o cargo no Executivo de forma interina.

Na visão deles, embora o quadro hoje seja pró-impeachment, Temer ainda não teria condições de entrar em um embate direto com os servidores públicos, por exemplo, e nem deixar de ceder a exigências dos parlamentares, que ainda comandam o processo de impeachment.

Passado o julgamento final de Dilma Rousseff, etapa que deve ser concluída até o final deste mês, Michel Temer, se efetivado no cargo, estaria disposto inclusive a fazer uma reforma ministerial, indicando “notáveis” para determinadas pastas, hoje majoritariamente ocupadas por políticos com peso no Congresso Nacional.

A prioridade dada a indicações de bancadas partidárias para as vagas de ministros foi tratada como uma espécie de primeiro recuo de Michel Temer. Após anunciar a intenção de chamar apenas notáveis, optou uma escolha pragmática, que pudesse garantir uma ampla base aliada no Legislativo. Desde então, parte dos escolhidos, citados na Lava Jato, já deixaram a Esplanada dos Ministérios.

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