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O desafio é: como colocar a cultura de maneira estratégica na próxima gestão? |
O desafio é: como colocar a cultura de maneira estratégica na próxima gestão?| Foto:

Gustavo Fruet ainda não anunciou oficialmente nenhum nome de seu secretariado. Pelo jeito, as negociações estão difíceis. Ou o prefeito eleito é mais indeciso do que imaginávamos. Seria bom ele decidir logo, já que faltam só quatro semanas para a posse. Essa, porém, está longe de ser a maior curiosidade sobre o seu governo. Já ficou claro que, apesar do discurso da mudança, muita coisa permanecerá igual: parentes com cargos, divisão mais política do que técnica e talvez, para coroar, a mulher presidindo a FAS. É a mudança segura.

Curiosidade muito maior desperta o futuro relacionamento de Fruet com o patronato da área de transporte público. No início, quando fazia o discurso meramente de opositor ao grupo de Beto Richa, Fruet parecia ser alguém capaz de confrontar o poder de fogo do empresariado – uma das verdadeiras forças políticas da capital. No entanto, o oposicionista passou ao segundo turno, e Luciano Ducci, não. Nesse ponto, a coisa parece ter mudado de figura.

Ratinho Jr. falou várias vezes que Fruet teria fechado um acordão com os empresários. As provas seriam a presença de dois nomes na coligação de segundo turno. Por um lado, Osmar Bertoldi, príncipe herdeiro de uma das capitanias hereditárias do transporte coletivo. Por outro, Marcos Ísfer, do PPS, atual presidente da Urbs, que também aderiu ao petismo de Fruet em cima do laço.

O relacionamento do prefeito com os donos do transporte é decisivo para sua carreira em Curitiba. Requião, nos anos 80, optou pelo confronto: montou uma frota pública para concorrer com os empresários. Até hoje não foi perdoado por eles, que dizem ter sido tratados como "moleques". Deu certo em um sentido: Requião virou governador. Deu errado em outro sentido: nunca mais o PMDB voltou à prefeitura da capital. E a frota pública, claro, rapidamente foi desarticulada.

Lerner, Greca e Taniguchi tiveram uma convivência para lá de harmoniosa com os empresários. E se mantiveram por quatro mandatos consecutivos no poder sem nenhum problema. O que mudaria de leve com Beto Richa: demagogicamente, o vice de Cassio baixou a tarifa durante uma viagem do titular. Se elegeu com base nisso, mas criou um problema para si mesmo: o rombo do caixa do transporte público virou uma bola de neve.

Richa teve um relacionamento dúbio com o empresariado. Por um lado, não queria afrontá-los, longe disso. Por outro, para manter o discurso de que a cidade tinha tarifa baixa precisou inventar subsídios e ficar devendo até o que não podia. Como prefeito, passou metade do ISS de volta para o sistema. Cortou os cobradores de várias linhas. Como governador, deu R$ 60 milhões para o sucessor Ducci cobrir o rombo e se reeleger. Mesmo assim, enfrentou greve e protestos. O barco afundou.

Fruet terá de tomar uma decisão. Ou enfiará mais subsídios no sistema (e se Richa não der, vai tirar de onde?), ou aumentará a passagem para o cidadão. Ou, numa terceira hipótese, vai promover uma revisão da planilha de custos, que muita gente boa diz que parece estar inflada. Mas essa última possibilidade parece não estar no horizonte. A indicação do presidente da Urbs, se um dia vier, poderá ser um indicativo do caminho a ser tomado. A grande decisão, no entanto, vem mesmo em fevereiro, quando a passagem deveria subir. Subirá?

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