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A miopia estratégica que nutre esse debate superficial é danosa para os interesses do Brasil. Contudo, há setores da oposição que insistem em colocar a adesão da Venezuela ao Mercosul no quadro estreito do "chavismo" e do "antichavismo".

Em política externa temos de enxergar longe, com racionalidade e pragmatismo. Temos de ver, acima de tudo os interesses de longo prazo dos Estados. Não podemos nos fixar em governos específicos e suas ideologias. Apesar disso, mais de três anos após a assinatura do Protocolo de Adesão da Venezuela ao Mercosul, há setores no Brasil que ainda discutem essa incorporação como se fora um plebiscito sobre o governo Chávez.

A miopia estratégica que nutre esse debate superficial é danosa para os interesses do Brasil. Contudo, há se­­­tores da oposição que insis­­­tem em colocar a adesão da Venezuela ao Merco­­­sul no quadro estreito do "chavismo" e do "antichavismo".

Nesse quadro, os argumentos são precários. O principal deles tange à suposta falta de democracia na Venezuela de Chávez. Ora, o Protocolo de Ushuaia é claro: eventuais sanções só são aplicáveis em caso de "ruptura da ordem democrática", o que claramente não aconteceu na Vene­­­zuela. Esse é o único parâmetro objetivo, em relação ao possível julgamento dos regimes políticos do Mer­­­cosul. A cláusula democrática não deve ser ignorada, mas não se deve ir além dela.

Temos de pensar nos interesses objetivos do Brasil e do Mercosul. Ti­­­vemos US$ 4,6 bilhões de superávit com a Venezuela ano passado, mais de duas vezes o que obtivemos com os EUA, e já investimos US$ 15 bilhões naquele país. O Mercosul representa oportunidade para que os países cresçam juntos, inclusive democraticamente. Com a integração, tendemos todos a melhorar. A oposição da Venezuela já reconheceu isto. Só falta a nossa oposição conseguir enxergar os interesses de longo prazo do Brasil e do Mercosul e votar pela adesão da Venezuela.

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Dr. Rosinha é deputado federal (PT-PR) e ex-presidente do Parlamento do Mercosul (Parlasul).

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