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33ª fase da Operação Lava Jato foi deflagrada nesta terça-feira (2). | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
33ª fase da Operação Lava Jato foi deflagrada nesta terça-feira (2).| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

A 33ª fase da Operação Lava Jato vai investigar como a Queiroz Galvão pagou propina ao senador e então presidente do PSDB Sérgio Guerra – ele morreu em 2014 – para que ele ajudasse a “esvaziar” a CPI da Petrobras.

O senador teria recebido R$ 10 milhões e o pagamento teria sido acertado em uma reunião da qual participaram o senador, o então diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, o então presidente da Queiroz Galvão Ildefonso Colares Filho, o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), o lobista Fernando Soares (Fernando Baiano) e o executivo Érton Medeiros (da Galvão Engenharia).

A reunião foi gravada e o áudio e o vídeo foram obtidos pela Procuradoria Geral da República (PGR) e apresentados em junho.

De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, o vídeo foi essencial para demonstrar a tentativa da empreiteira de impedir as investigações de irregularidades na Petrobras. “Muito embora houvesse o relato de essa reunião ter acontecido, só recentemente o vídeo foi localizado e compartilhado conosco pelo STF. O vídeo é bastante revelador, não só porque os investigados negavam que tivesse ocorrido a reunião, mas porque mostra de forma muito clara a atuação as pessoas, num encontro de lobistas com operadores financeiros, agentes públicos e parlamentares. No nosso entender, demonstra uma atuação muito direta dos investigados para obstruir as investigações”, disse a delegada Renata da Silva Rodrigues, em coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira (2).

A tentativa de obstrução da justiça foi um dos motivos que levou a força-tarefa a pedir a prisão preventiva de dois executivos da empreiteira: o ex-presidente Ildefonso Colares Filho e o ex-diretor Othon Zanoide. Ambos já haviam sido detidos pela Lava Jato durante a 7ª fase da operação, mas foram soltos após decisão da Justiça. A atuação deles na montagem do esquema de faturamento também foi levada em consideração para o pedido.

Doações eleitorais e contratos simulados

Além de obstrução da justiça, a Queiroz Galvão está sendo investigada por corrupção, formação de cartel, associação criminal e lavagem de dinheiro. “A Queiroz Galvão tem uma peculiaridade. Ela representa todos os ‘pecados’, todos os tipos de crime investigados pela Lava Jato”, declarou o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.

O pagamento de propina teria sido feito por meio de doações eleitorais, tanto para o caixa um quanto para o caixa dois, contratos simulados com empresas como KFC Hidrossemeadura (de Leonardo Meirelles) e Costa Global (de Paulo Roberto Costa). Uma das campanhas beneficiadas pelo dinheiro desviado seria a de reeleição do ex-presidente Lula, em 2006, que teria recebido R$ 2,4 milhões da empreiteira. Ao todo, porém, já foram identificados repasses de R$ 7,5 milhões para campanhas eleitorais de “três ou quatro parlamentares”, segundo a delegada.

Além dos dois executivos presos preventivamente, foi emitido um mandado de prisão temporária contra Marcos Pereira Reis, que está no exterior. As equipes da polícia federal cumpriram ainda 29 ordens judiciais, sendo 23 mandados de busca e apreensão e 6 de condução coercitiva. São investigados na ação contratos do Complexo Petroquímico do Rio (Comperj), da Refinaria Abreu Lima, da Refinaria Vale do Paraíba, da Refinaria Landulpho Alves e da Refinaria Duque de Caxias.

Resta Um

A operação foi batizada de Resta Um em referência à investigação da última das maiores empresas identificadas como parte da chamada “regra do jogo’, em que empreiteiras teriam formado um cartel para burlar as regras de contratação da Petrobras, em prejuízo à estatal. A PF esclarece que isso não significa um possível encerramento das investigações da Lava Jato, que ainda busca alcançar outros fatos criminosos e demais empresas e pessoas que participaram de atos ilícitos na estatal.

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