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Ligações perigosas

Quem é Rodrigo Oriente, o pivô do escândalo

Denunciante chegou a ser o representante legal da construtora que agora ele acusa. Também teve cargo fantasma na administração municipal, nomeado por Beto Richa

Rodrigo Oriente: denúncias motivadas por dívida de R$ 47 mil | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Rodrigo Oriente: denúncias motivadas por dívida de R$ 47 mil (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

O Quem é construtor Rodrigo Oriente, de 35 anos, responsável pelas denúncias de um suposto caixa 2 na campanha de reeleição do prefeito Beto Richa (PSDB) em 2008 e de irregularidades cometidas pela construtora Piemonte em loteamentos em Curitiba, é economista e técnico em transações imobiliárias. Curitibano de nascimento, foi contratado no ano de 2002 pela Piemonte, a quem agora ele acusa de ter praticado ilegalidades.

Oriente começou na empreiteira como analista de crédito, no setor de comercialização de imóveis, cargo que ocupou até 2003, quando passou para a função de gerente comercial. A ele cabia analisar a viabilidade econômica de diversos loteamentos adquiridos pela Piemonte. Por causa desse trabalho, foi homenageado na Câmara Municipal de Curitiba e em 2007 foi considerado a personalidade empreendedora do ano pela Assembleia Legislativa do Paraná. Foi ainda homenageado pela Unesco e pela Associação Comercial do Paraná por desenvolver projetos de responsabilidade social. Desde 2004, Oriente era, por procuração, representante legal da Piemonte.

Em janeiro de 2008, ele deixou o emprego na construtora. Na carta de recomendação, o diretor Taraco Germano Nora diz que Oriente "figurou como funcionário dedicado, prestativo, responsável e íntegro". Três meses depois, em abril, Oriente foi nomeado pelo prefeito Beto Richa para um cargo comissionado (de indicação política) na Secretaria de Governo Municipal. O período em que ficou na prefeitura se estendeu até o fim do ano de 2008, mas o próprio Oriente diz que nunca trabalhou na secretaria. No ano passado, durante a disputa eleitoral, Oriente trabalhou no Comitê Lealdade, montado por dissidentes do PRTB que decidiram apoiar a candidatura de Richa e não a de Fabio Camargo (PTB), a quem o partido estava formalmente coligado.

No dia 23 de junho, ele foi até a Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná e denunciou um suposto caixa 2 na campanha de Richa. O caso segue sendo investigado na procuradoria. As denúncias de cunho eleitoral e ambiental só vieram à tona por causa de uma dívida de R$ 47 mil que ele alega não ter sido paga por Alexandre Gardolinski, ex-coordenador do Comitê Lealdade. Depois de algumas tentativas frustradas de reaver o prejuízo, Oriente prestou três depoimentos nos quais relatou as denúncias. 1. O que Oriente fazia na campanha de Beto Richa para a prefeitura em 2008?

Por ser amigo de Alexandre Gardolinski, Rodrigo Oriente forneceu os computadores utilizados no Comitê Lealdade. Os equipamentos teriam sido usados por Gardolinski para fazer a gravação do pagamento em dinheiro a 23 candidatos do PRTB que desistiram da eleição para vereador de Curitiba. A dívida de R$ 47 mil teria sido contraída durante a campanha, quando Oriente, a pedido de Gardolinski, comprou e pagou, com o próprio dinheiro, carne e cerveja para os eventos do comitê.

2. Como Oriente sabe tanto sobre as atividades do Comitê Lealdade?

Oriente afirma que participou de algumas reuniões do comitê e que tinha contato direto com os dissidentes do PRTB e com Alexandre Gardolinski, que coordenava o comitê pró-Richa. 3. A arrecadação de contribuições e a gestão financeira do comitê tinham participação de Oriente?

Rodrigo Oriente diz que não teve nenhuma participação. Ele explica que o dinheiro vinha do comitê central da campanha do prefeito Beto Richa e que a parte financeira era de responsabilidade de Gardolinski. O único envolvimento que ele diz ter com a gestão financeira são as compras que teve de fazer com recursos próprios de produtos para os eventos e pagamento de shows e funcionários do comitê.

4. Oriente tinha relação direta com Beto Richa durante a campanha?

Não. Oriente sustenta que via o prefeito e os principais coordenadores da campanha do tucano apenas em eventos políticos.

5. Como Oriente virou funcionário fantasma da prefeitura?

Ele afirmou, em depoimento, que sua contratação na prefeitura ocorreu como parte de um esquema que envolveu a saída de Alexandre Gardolinski dos quadros da administração municipal. Gardolinski pediu demissão da prefeitura para se candidatar a vereador – candidatura da qual, meses depois, ele iria desistir porque a direção estadual do PRTB, seu partido na ocasião, havia decidido apoiar o então candidato a prefeito Fabio Camargo (PTB). Oriente disse ainda que repassava integralmente o salário que recebia da prefeitura – de quase R$ 3 mil mensais – a Gardolinski. O objetivo, segundo ele, era fazer com que Gardolinski, mesmo afastado da prefeitura, continuas­se a ter rendimentos

6. Por que Oriente fez as de­­nún­­cias?

Ele sustenta que o fato de ter pago contas do Comitê Lealdade e não ter nenhum recibo eleitoral faz dele a comprovação da prática ilegal de caixa 2 da campanha de reeleição do prefeito Beto Richa – já que, segundo ele, o dinheiro que custeou o comitê de dissidentes do PRTB vinha da campanha do PSDB.

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