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Atualizado em 07/04/2006 às 19h02

O presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), criticou na tarde desta sexta-feira os deputados que integram o órgão e que, depois de anunciarem em entrevista coletiva que iriam permanecer, acabaram decidindo mesmo renunciar ao mandato no colegiado.

- Eles combinaram ficar e depois decidiram sair. Uma loucura pular do barco a esta hora. Nós temos que dar satisfação à sociedade e esse não foi o entendimento deles. Paciência, vamos continuar nosso trabalho. Eles saíram na hora errada, fugiram da raia - disse Ricardo Izar.

Izar disse que o Conselho de Ética vai se empenhar para que o Congresso aprove a proposta de emenda constitucional (PEC) que determina voto aberto nos julgamentos de cassação no plenário da Câmara.

Seis deputados afirmaram que vão deixar o Conselho: Chico Alencar (PSOL-RJ), Cézar Schirmer (PMDB-RS), Benedito de Lira (PP-AL), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Júlio Delgado (PSB-MG) e Orlando Fantazzini (PSOL-SP). Contudo, depois da anunciada rebelião desta quinta-feira, até agora, apenas o deputado Orlando Fantazzini (PSOL-SP) encaminhou à Mesa da Câmara seu desligamento oficial.

O deputado Cláudio Magrão (PPS-SP), que é suplente, também anunciou que deixaria o Conselho e que seu partido sequer iria indicar novo integrante. Mas com a saída de Júlio Delgado, o que dará uma vaga de titular ao PPS, presidido pelo deputado Roberto Freire (PE), e que hoje faz dura oposição ao governo Lula, o partido resolveu pensar melhor se deixa ou não o Conselho. A vaga é do PPS, mas estava com Delgado desde quando o deputado integrava a bancada do partido. O líder do PPS, Fernando Coruja (SC), informou que, mesmo que o partido decida abandonar o colegiado, primeiro vai esperar que os outros deputados oficializem a renúncia para evitar o que ocorreu no mês passado, quando um parlamentar do partido renunciou confiando que outros também o fariam, o que não se confirmou depois.

A confusão começou nesta quarta-feira, após a absolvição do deputado João Paulo Cunha (PT-SP) no plenário da Câmara, contrariando a decisão do Conselho, que havia recomendado sua cassação. Em protesto, nove parlamentares chegaram a anunciar uma renúncia coletiva do Conselho de Ética, mas mudaram de idéia após o pedido do presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP). Izar fez um apelo para que os deputados desistissem da renúncia e continuassem no órgão até o fim dos dois processos em julgamento: o dos deputados Vadão Gomes (PP-SP) e José Janene (PP-PR), que devem ser concluídos até o fim do mês. Eles estariam envolvidos no esquema de pagamento de mesadas a parlamentares em troca de apoio ao governo, o mensalão.

Chico Alencar disse que não há mais clima para aprovar no plenário qualquer processo de cassação e que o Conselho de Ética virou uma mera peça decorativa.

- A crise está instalada. O plenário nos desautoriza a todo momento. Nosso papel está esgotado - disse o parlamentar.

Com a decisão de Alencar e de Fantazzini, o PT - que teve seis parlamentares respondendo a processo por quebra de decoro parlamentar por envolvimendo no valerioduto - vai recuperar suas duas vagas perdidas quando ambos migraram para o PSOL.

Como não há mais petistas a serem julgados no colegiado, as mudanças, que enfraquecerão o grupo que tem uma postura mais dura em relação ao valerioduto, podem beneficiar Vadão Gomes (PP-SP) e José Janene (PP-PR), governistas que ainda não foram julgados pelo Conselho. Dos seis petistas que tiveram a recomendação de cassação aprovada no Conselho, apenas José Dirceu (SP) foi cassado pelo plenário da Câmara. José Mentor (SP) vai a plenário até o fim do mês.

Até agora, quatro deputados acusados de envolvimento com o susposto esquema do mensalão renunciaram: Valdemar Costa Neto e Carlos Rodrigues, do PL; José Borba, do PMDB; e Paulo Rocha, do PT. Três foram cassados: José Dirceu (PT), Roberto Jefferson (PTB) e Pedro Corrêa (PP). Oito já escaparam. Sandro Mabel (PL), Romeu Queiroz (PTB), Roberto Brant (PFL), Professor Luizinho (PT), Pedro Henry (PP), João Magno (PT), Vanderval Santos (PL) e João Paulo Cunha (PT). Aguardam julgamento José Mentor e Josias Gomes, do PT; e Vadão Gomes e José Janene, do PP.

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