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Defesa

Rafale fica em último lugar na avaliação da FAB

O caça sueco Gripen NG foi o mais bem avaliado pela Aeronáutica por ter menor custo. O presidente Lula pode ignorar relatório e optar pelo jato francês

O Gripen NG ainda é um projeto em desenvolvimento, o que pode possibilitar mais transferência de tecnologia | Dibyangshu Sarkar - AFP
O Gripen NG ainda é um projeto em desenvolvimento, o que pode possibilitar mais transferência de tecnologia (Foto: Dibyangshu Sarkar - AFP)
US$ 140 milhões é o custo estimado de cada Rafale |

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US$ 140 milhões é o custo estimado de cada Rafale

US$ 55 milhões é o quanto custaria cada unidade do jato F/A-18 Super, da norte-americana Boeing |

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US$ 55 milhões é o quanto custaria cada unidade do jato F/A-18 Super, da norte-americana Boeing

Brasília e Paris - A Força Aérea Brasileira (FAB) classificou o avião supersônico Rafale, fabricado pela francesa Dassault, em terceiro e último lugar em seu parecer técnico sobre a licitação FX-2, de renovação da frota de caças do Brasil. O caça sueco Gripen NG, da empresa Saab, ficou em primeiro lugar na avaliação, seguido pelo F-18 Super Hornet, da norte-americana Boeing. A informação foi divulgada ontem pelo jornal Folha de S. Paulo.

A avaliação contraria o interesse político já expresso pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de comprar os caças franceses Rafale. O relatório da FAB, no en­­­­tanto, não é determinante na escolha da empresa e poderá ser ignorado pelo presidente. Lula tem repetido que a decisão sobre a compra dos 36 aviões é "política e estratégica" para consolidar a parceria entre o Brasil e a França.

O vazamento do relatório do Co­­­mando da Aeronáutica – com a avaliação ainda parcial das propostas para o projeto FX-2 – irritou Lula e provocou mal-estar no governo.

Auxiliares do presidente disseram que o documento já foi modificado e não faz um ranking das melhores propostas, mas apenas avalia tecnicamente itens como transferência de tecnologia e aspectos comerciais e logísticos. Nota do Comando da Aeronáutica informou ontem que o relatório ainda não foi encaminhado ao Ministério da Defesa.

O fator financeiro contou pontos para o modelo da Saab, que foi avaliado como o mais vantajoso dos três jatos concorrentes considerando o preço da aero­­­nave e os custos de manutenção. A estimativa é que a Saab tenha ofertado ao Brasil o Gripen NG por cerca de US$ 70 milhões cada, metade do preço que teria sido pedido pela Dessault por cada Rafale.

Na tentativa de reverter esse quadro e conquistar o contrato de fornecimento de 36 aviões para o Brasil, a companhia francesa estaria disposta a reduzir o preço dos seus jatos em 40%. A Dassault estaria, assim, alinhando o valor de seus aviões ao cobrado da Força Aérea Francesa, ou seja, 50 milhões de euros por unidade. A informação deve ser publicada hoje no jornal francês Libération.

O resultado do relatório gerou críticas da oposição à atitude do presidente Lula, que prefere o acordo com os franceses. Já a base aliada ao governo diz defender uma postura mais política em detrimento de uma escolha baseada em quesitos técnicos e financeiros.

O relatório, dizem congressistas da oposição, comprova que Lula fez uma "trapalhada’’ ao anun­­­­ciar o acordo com a França em setembro passado (veja quadro ao lado). "Além disso, é preciso respeitar a análise técnica e econômica, que são fundamentais. A questão política tem de ter menos peso’’, diz o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da Comissão de Relações Exte­­riores e Defesa do Senado.

Já na opinião de deputados do governo, o principal, neste mo­­­mento, é respeitar a postura política do país. "Ver simplesmente qual é o caça mais barato é mesquinharia. Além disso, a questão não é puramente técnica, qualquer escolha será eminentemente política’’, diz o líder do PT na Câ­­­mara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).

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