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Congresso Nacional

Rebelião contra o PT expõe brigas internas do PMDB

Além do descontentamento com o Planalto, crise na base também é movida por disputas de peemedebistas pelo comando do Senado e da Câmara a partir de 2013

Temer e Dilma: relação estranha. | Ueslei Marcelino/Reuters
Temer e Dilma: relação estranha. (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
Renan: candidatura dele encontra forte resistência dentro do PMDB |

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Renan: candidatura dele encontra forte resistência dentro do PMDB

A recente revolta peemedebista no Congresso Nacional foi desencadeada pelo descontentamento no relacionamento com o PT na distribuição de espaços no governo federal. Mas também é movida por disputas internas pelo poder no partido. Diferentes correntes estão em conflito com as lideranças da legenda na Câmara dos De­­putados e no Senado. O confronto tem como pano de fundo a sucessão à presidência das duas Casas, que ocorre em fevereiro de 2013.

O marco da crise ocorreu na úl­­tima quarta-feira, quando o Se­­nado barrou a recondução de Ber­­nardo Figueiredo para a presidência da Agência Nacional de Trans­­portes Terrestres (ANTT). A indicação de Figueiredo era bancada pela presidente Dilma Rousseff. Mas o nome dele acabou sendo recusado numa manifestação liderada pelo senador paranaense Roberto Requião (PMDB). Na semana anterior, cerca de 50 deputados federais peemedebistas haviam assinado um manifesto com críticas ao tratamento que o partido vem recebendo dos petistas na divisão de cargos e tarefas do governo.

Requião diz que nunca ouviu falar "em rebelião no Senado". Mas considera legítimo o movimento dos colegas na Câmara. "Sugiro uma mudança de comportamento. Abrir, discutir, democratizar as decisões do partido. Enfim, fazer com que nossos parlamentares tenham consciência do que estão votando", afirma o senador.

No Senado, porém, há uma movimentação de peemedebistas liderada por Eunício Oliveira (CE) contra o principal nome da legenda para a presidência da Casa, Renan Calheiros (AL). Maior bancada, com 18 senadores, o PMDB tem a prerrogativa de escolher o substituto de José Sarney (AP), que apoia o retorno de Calheiros. O alagoano já ocupou o cargo entre 2005 e 2007, mas precisou renunciar após um escândalo em que foi acusado de ter tido a pensão de uma filha fora do casamento paga por um lobista.

Ordens demais

Na Câmara, a situação é mais complexa. O partido é a segunda maior bancada, com 76 deputados contra 86 do PT. Graças a um acordo firmado no ano passado, o candidato do partido a presidente da Casa em 2013 receberá o apoio dos petistas e do governo.

O escolhido para o cargo, com aval do vice-presidente Michel Temer (PMDB), é o atual líder da bancada peemedebista, Henrique Eduardo Alves (RN). Vários deputados, no entanto, vêm questionando a postura de Alves em relação ao governo. Por medo de perder o apoio dos petistas na eleição de fevereiro, ele estaria aceitando "ordens demais" do governo.

A dissidência é puxada por um grupo de 15 parlamentares do PMDB batizado como Afirmação Democrática. A ala, liderada pelo gaúcho Osmar Terra, reúne deputados que se opõe à aliança com o PT desde antes de 2010. Eles costumam interagir com um outro grupo com 12 membros do partido que estão no primeiro mandato.

"Viramos coadjuvantes do PT no governo. Não estamos sendo tratados como aliados, mas como adversários", diz o paranaense João Arruda, um dos peemedebistas novatos na Câmara. Para Osmar Serraglio, outro representante do Paraná que assinou o manifesto do PMDB, a revolta "não é contra o go­­verno, mas contra o PT". Para Ser­­raglio, que é vice-líder do Pla­­nalto na Câmara, a solução passa por acabar com o clima de "discriminação" contra os peemedebistas.

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