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A quantia referente ao imóvel não passou pelas contas do ex-ministro em 2012, ano em que o negócio foi fechado. | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasi
A quantia referente ao imóvel não passou pelas contas do ex-ministro em 2012, ano em que o negócio foi fechado.| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasi

A Receita Federal levantou suspeitas sobre os R$ 400 mil dados pelo ex-ministro José Dirceu como parte do pagamento da casa onde funcionava a JD Assessoria e Consultoria, em São Paulo. De acordo com relatório enviado à 13ª Vara Federal do Paraná e anexado ao inquérito que apura o envolvimento de Dirceu na Lava Jato, a quantia não passou pelas contas do ex-ministro em 2012, ano em que o negócio foi fechado.

O documento da Receita destaca que a casa foi comprada por R$ 1,6 milhão, sendo que R$ 400 mil foram pagos com recursos próprios e o restante financiado pelo Banco do Brasil em 161 prestações. Os documentos que vieram à tona na terça-feira também mostraram que Dirceu recebeu, por meio de sua empresa de consultoria, R$ 1,45 milhão de Milton Pascowitch,citado pelo ex-gerente da diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco como operador de pagamento de propinas ao PT a serviço da empresa Engevix.

Sobre a compra da casa, localizada numa área nobre ao lado Parque Ibirapuera, “(há) possível movimentação financeira incompatível (especialmente em maio), pois segundo declarações do contribuinte, o mesmo teria pago R$ 400 mil relativos ao imóvel com recursos próprios, porém, esses recursos não circularam pela sua conta-corrente”, afirma o relatório.

O documento diz ainda que caberiam diligências ao vendedores do imóvel, Cecilia Leme da Fonseca e Ruy Leme da Fonseca, para verificar como foi efetuado o pagamento. Procurada, a advogada de Ruy, Ana Cândida Campos, disse que só informará como o seu cliente recebeu os R$ 400 mil referentes à entrada para aquisição da casa se for notificada pela Justiça.

Ainda segundo o relatório, Dirceu gastou com a compra do imóvel R$ 610.265,36 em 2012 - se considerados os R$ 400 mil da entrada e mais as prestações do financiamento pagas naquele ano. “No ano-calendário de 2012, a movimentação financeira do contribuinte foi de R$ 229.121,93”, afirma o documento.

Além da compra da casa, o ex-ministro também declarou em 2012 ter feito um empréstimo de R$ 230 mil para o seu irmão Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, sócio na JD Consultoria, que também não circulou pela conta do ex-ministro, segundo a Receita. O documento que avaliou o Imposto de Renda e as contas bancárias do ex-ministro ainda destaca que “chama atenção a baixa movimentação financeira do contribuinte, sempre muito inferior aos rendimentos declarados”.

Em 2012, a reportagem revelou a compra da casa, localizada em uma área nobre ao lado Parque Ibirapuera, por Dirceu. No registro feito em cartório, consta que o Banco do Brasil avaliou o imóvel em R$ 3,03 milhões, apesar de o negócio ter sido fechado por R$ 1,6 milhão.

A assessoria de Dirceu disse que, “em relação à compra do imóvel e ao empréstimo ao irmão, o ex-ministro e Luis Eduardo estão à disposição da Receita Federal para prestar os esclarecimentos necessários quanto à licitude das transações”.

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