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Governo Dilma

Reforma ministerial põe em jogo 61% dos investimentos federais

Até 9 pastas podem mudar de comando. Juntas, elas têm R$ 47,3 bilhões para gastar neste ano, valor que acirra a disputa pelos cargos

Vista da Esplanada dos Ministérios: dos 39 órgãos do primeiro escalão, apenas 9 podem mudar de mãos. Mas, como eles concentram a verba para investimentos, está aberta a temporada de pressão por mais espaço. Um dos partidos mais insatisfeitos é o PMDB | Ricardo Moraes/Reuters
Vista da Esplanada dos Ministérios: dos 39 órgãos do primeiro escalão, apenas 9 podem mudar de mãos. Mas, como eles concentram a verba para investimentos, está aberta a temporada de pressão por mais espaço. Um dos partidos mais insatisfeitos é o PMDB (Foto: Ricardo Moraes/Reuters)

Guardada a sete chaves pela presidente Dilma Rousseff, a reforma ministerial prevista para as próximas semanas tende a ser mais do que uma amigável dança de cadeiras na Esplanada. Em ano de eleição municipal, há chances de mudanças em até nove pastas, que juntas acumulam 61% do total de recursos em investimentos previstos ao longo de 2012 para todos os 39 órgãos do primeiro escalão federal. De um orçamento de R$ 77,8 bilhões, estariam em jogo R$ 47,3 bilhões, valores que acirram a disputa partidária em torno do loteamento de cargos.

Principal parceiro do PT, o PMDB foi o primeiro a deixar o re­­­­cado de que quer mais espaço. Na semana passada, o presidente da legenda, senador Valdir Raupp (RO), disse que a sigla está "claramente subdimensionada" no ministério. Os peemedebistas controlam cinco pastas e estão apenas atrás dos petistas, com 17.

A diferença está no controle de verbas para investimentos, ou seja, naquilo que pode ser aplicado em obras e outros empreendimentos nos estados. O Ministério das Cidades, gerido pelo PP, tem R$ 8,92 bilhões para investir. É mais do que o dobro dos R$ 4,1 bilhões do PMDB com a soma dos ministérios da Agricultura, Minas e Energia, Previdência, Turismo e Assuntos Estratégicos.

Alerta geral

Seja por autodefesa ou cobiça, a reforma deixa em alerta todas as sete legendas com representação na Esplanada. "Vale lembrar que ainda tem mais gente para entrar nessa divisão, como o PSD, que é hoje o quarto maior partido da Câmara", afirma o deputado paranaense Moacir Micheletto (PMDB), coordenador político da bancada ruralista, o maior grupo de influência do Congresso Nacional.

Enquanto a maioria se une por mais espaço, o PP está dividido quanto à permanência de Mário Negromonte no Ministério das Ci­­­da­­­des. Ainda assim, não aceita perder a vaga. Mantido no Traba­­­lho com Paulo Roberto Pinto mesmo após a polêmica saída de Car­­­los Lupi, o PDT também luta por sobrevivência e quer continuar com a pasta.

Em outros flancos, o PR quer retomar postos-chave do Minis­tério dos Transportes, assim como o PSB tenta aguentar a turbulência gerada pelos desastres ambientais no Ministério da Integração Nacional, que balançaram o ministro Fernando Bezerra.

Especulação

A maioria das trocas mencionadas pelos corredores de Brasília, no entanto, é tratada como mera especulação dentro do governo. "Tenho duas palavras para falar sobre a reforma: não sei", diz o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.

Ele próprio seria alvo de uma mudança: deixaria a Esplanada para assumir a direção da Hidre­­­létrica de Itaipu no lugar de Jorge Samek, cotado para se candidatar à prefeitura de Foz do Iguaçu. A hipótese perdeu força nos últimos dias e só ocorreria em um encaixe com outros partidos.

Por enquanto, a única alteração 100% certa é a saída de Fer­­­nando Haddad da Educação para concorrer à prefeitura de São Pau­­­lo. Ele tentou antecipar a despedida, mas vai permanecer até fevereiro, a pedido de Dilma.

O posto deve ser preenchido pelo também petista Aloizio Mer­­­cadante, atual ministro de Ciência e Tecnologia. Outra mu­­­dança na mesma linha é a saída de Iriny Lopes (PT) da Secretaria de Políticas para as Mulheres. Ela vai disputar a prefeitura de Vitó­­­ria (ES). Por úl­­­­timo, é especulada a saída da mi­­­­nistra da Cultura, Ana de Hol­­­landa, em crise com setores do PT desde o começo do ano passado.

Apesar das movimentações dos partidos, Dilma nunca falou abertamente sobre a reforma. Em dezembro, ela chegou a dizer que não haveria mudanças. As declarações, porém, seriam uma forma de não desestabilizar os ministros que permaneceram após as sete demissões ocorridas em 2011 – seis delas envolvendo denúncias de corrupção.

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