
Após o giro por Suíça e Cuba, com uma conturbada escala em Portugal, o primeiro desafio da presidente Dilma Rousseff no retorno ao Brasil será a reforma ministerial. Na última conversa que teve com representantes do PMDB, antes da viagem, ela havia agendado uma definição das trocas para amanhã. Por enquanto, a certeza é que as escolhas vão se dividir em dois perfis: nomes que serão escalados para continuar em um possível segundo mandato e os temporários, que seriam substituídos em janeiro de 2015.
INFOGRÁFICO: Veja como fica a reforma ministerial da presidente Dilma
Uma aposta de longo prazo está definida: Aloizio Mercadante, que deixa o Ministério da Educação para assumir a Casa Civil no lugar da paranaense Gleisi Hoffmann, pré-candidata ao governo do Paraná. Outra opção nessa linha seria o empresário mineiro Josué Alencar, filho do ex-vice-presidente José Alencar e recém-filiado ao PMDB, para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, no lugar de Fernando Pimentel.
Entre os técnicos com "prazo de validade" até dezembro de 2014 está Arthur Chioro, atual secretário municipal da Saúde de São Bernardo do Campo (SP), favorito para substituir Alexandre Padilha no Ministério da Saúde. Na Educação, o mesmo deve acontecer com o provável substituto de Mercadante: José Henrique Paim Fernandes, que já ocupa a secretaria-executiva da pasta.
"Está claro que a presidente tem em mente alguns nomes de mais peso político, como o de Mercadante, enquanto outros devem ser técnicos que vão ficar em período tampão. Não vai fugir disso", diz o vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR). As dúvidas crescem, no entanto, quando se trata das pastas comandadas por partidos aliados.
Mais trocas
Além de Gleisi, Padilha e Pimentel, que devem ser os candidatos do PT nas disputas pelos governos do Paraná, São Paulo e Minas Gerais, respectivamente, o ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB), deve concorrer a governador no Rio de Janeiro. Outros seis nomes (veja no texto ao lado) devem disputar cargos no Congresso. Pela legislação eleitoral, todos eles precisam deixar o ministério até 5 de abril não há definição se todos os candidatos ao Legislativo também vão sair agora ou serão mantidos até o prazo.
Para completar, Dilma deve promover mudanças no Ministério da Integração Nacional e na Secretaria Especial de Portos. As pastas eram ocupadas até outubro de 2013 por representantes do PSB, que rompeu com os petistas em função da candidatura presidencial de Eduardo Campos.
Cotas
Chefe de Relações Institucionais do vice-presidente Michel Temer e membro da Executiva Nacional do PMDB, o paranaense Rodrigo Rocha Loures diz que todas as conversas sobre as trocas envolvem dois termos: o substituto não pode disputar as eleições deste ano e não está garantido no cargo no caso de um segundo mandato de Dilma. "Mas sabemos que a fotografia que for tirada agora pode ser a mesma de 2015", afirma.
Atualmente, os peemedebistas controlam cinco ministérios (Agricultura, Aviação Civil, Minas e Energia, Previdência e Turismo). A principal demanda do partido é mantê-los e assumir a Integração Nacional. Também estaria em pauta a troca por pastas de maior visibilidade.
Durante a reforma, no entanto, a tendência é que Dilma contemple outros partidos da base aliada no Congresso, como PTB e o recém-criado Pros, o que pode até reduzir o atual espaço do PMDB.



