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Crise

Relator pede cassação de José Dirceu

Brasília (Folhapress) – Pouco mais de quatro meses depois do estouro do escândalo do mensalão, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), relator do processo de cassação de José Dirceu (PT-SP) no Conselho de Ética da Câmara, recomendou ontem a perda do mandato do ex-ministro da Casa Civil "como meio de restaurar a dignidade e a credibilidade desta Casa".

O voto de Delgado pela cassação de Dirceu, redigido em 50 páginas, foi lido ontem no Conselho de Ética, mas teve sua votação adiada devido a um pedido de vista da deputada Ângela Guadagnin (PT-SP). O texto será votado pelos 14 integrantes do Conselho na sexta-feira. Caso seja aprovado no Conselho, o parecer seguirá para apreciação no plenário, onde necessita do aval de pelo menos 257 dos 513 deputados.

Para o relator do processo, Dirceu feriu o decoro parlamentar nos termos do artigo 55, inciso 2, parágrafo 1.º da Constituição, que trata do "abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vantagens indevidas".

Segundo ele, Dirceu também jamais deixou de "ser deputado" no período em que exerceu o mandato de ministro na Casa Civil. Portanto, estaria sujeito às penalidades.

Em sua tese de defesa, Dirceu alega que não poderia ser cassado por estar justamente na função de ministro.

No texto, Delgado pontua uma série de denúncias contra o ex-ministro, a maioria proveniente de dados de sigilos coletados pela CPIs dos Correios, além de trechos de depoimentos prestados às comissões que envolveriam Dirceu em esquemas de corrupção.

No final do parecer, apesar de não citar especificadamente a palavra mensalão, ele conclui que os acordos políticos realizados entre alguns partidos e o PT "sob os auspícios" de Dirceu, à época presidente do partido, "tinham forte viés econômico".

"Aquele José Dirceu, que era líder estudantil revolucionário da chamada geração de 68, que lutou bravamente contra a ditadura militar, que foi treinado pela inteligência cubana, que viveu clandestinamente no Brasil e construiu o maior partido de esquerda do país, não é mais o mesmo", diz.

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