
Em decisão que beneficia o governo, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) apresentou ontem parecer que determina a instalação de CPI ampla da Petrobras no Senado, com poderes para investigar o cartel do metrô em São Paulo e atividades do Porto de Suape em Pernambuco, que atingem o PSDB e o PSB. Em resposta à tese governista, a oposição entrou com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para que a CPI investigue exclusivamente a Petrobras.
Na ação entregue ao Supremo, PSDB, DEM e PPS dizem que a inclusão de temas que não têm relação com o pedido da CPI não pode ser aceita. A tática da manobra governista é tentar adiar indefinidamente a instalação de qualquer CPI no Congresso neste ano eleitoral.
Jucá apresentou seu parecer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que adiou a decisão para hoje. O relator disse ser "legítimo" ampliar o foco de investigações porque os dois temas (cartel e Suape) envolvem gastos irregulares de dinheiro público. Há dois pedidos de instalação da CPI da Petrobras no Senado, um feito pela oposição e outro por aliados do Palácio do Planalto.
PSDB e DEM querem investigar só a Petrobras, enquanto os governistas defendem a CPI ampla, pois os temas incluídos atingem prováveis adversários da presidente Dilma: o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador Eduardo Campos (PSB-PE).
Se a CCJ e o plenário do Senado seguirem a posição de Jucá, a CPI ampliada da Petrobras será instalada no Senado. A comissão adiou a decisão sobre a CPI depois que a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) alegou que a votação não poderia ocorrer simultaneamente ao trabalho do plenário que, minutos antes, havia iniciado sua sessão.
O relator sugeriu retirar das investigações da CPI o superfaturamento de convênios e contratos na aquisição de equipamentos e projetos na área de tecnologia da informação, tema também incluído pelo governo para ser investigado pela comissão.



