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Renan Calheiros, o novo dono da bola no impeachment de Dilma

Decisão do STF que dá independência ao Senado para decidir pela instauração do processo aumenta o poder do alagoano, rival de Cunha e Temer

Com a decisão do Supremo, impeachment passará necessariamente pelo Senado de Renan Calheiros. | Marcelo Camargo/Agência Brasil
Com a decisão do Supremo, impeachment passará necessariamente pelo Senado de Renan Calheiros. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Sem força para unificar o PMDB em defesa do seu mandato, a presidente Dilma Rousseff (PT) deve apostar no racha da principal legenda da coalizão como estratégia para enterrar o pedido de impeachment. A ideia é garantir especialmente o apoio de Renan Calheiros (PMDB-AL), que à frente do Senado e às turras com o vice-presidente Michel Temer pode se tornar o contrapeso que o Planalto precisa para enfrentar a instável Câmara dos Deputados, comandada por Eduardo Cunha (PMDB), e o processo de impeachment –poder recentemente delegado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

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Na política, a relação de Renan com a gestão petista não é necessariamente de harmonia. Mas, em 2015, com a dificuldade crescente na relação entre Planalto e Câmara, o presidente do Senado teria agido e costurado um acordo com o governo federal para garantir uma agenda mínima de votações ligadas ao ajuste fiscal.

Nesta última semana, ao encerrar os trabalhos do ano, Renan declarou que a Casa “fez sua parte”.

A reaproximação de Renan com o Planalto sob o pretexto da “agenda positiva” para a economia agora se estende para a guerra do impeachment da presidente Dilma, deflagrada por Cunha no último mês do ano. Nesta primeira batalha, Renan deu ao menos dois sinais de que não pretende ser pautado pelo presidente da Câmara, também seu desafeto.

Primeiro sinal

A primeira demonstração surgiu ainda antes de o STF, na quinta-feira (17), confirmar que o Senado tem independência para decidir pela instauração do processo de impeachment. Renan já defendia a tese publicamente, indicando que poderia arquivar o pedido de cassação de mandato eventualmente autorizado pela Câmara. Ou seja, para existir o impeachment depende dos senadores – aceito na Casa, Dilma deve se afastar imediatamente por 180 dias, para que haja o julgamento.

A ideia dos aliados é barrar o trâmite da matéria ainda antes da instauração. Para isso, o governo precisará –e muito – de Renan, já que na última quinta-feira (17), por oito votos contra dois, os ministros do STF entenderam que é necessária apenas a maioria simples no Senado para abrir o processo.

“Você não pode afastar o presidente da República a partir da decisão de uma Casa sem ouvir a outra Casa. Na prática, não seria o bicameralismo, seria a predominância de uma Casa sobre a outra”, afirmou Renan.

Segundo sinal

O segundo sinal visto com bons olhos pelo governo foi a rejeição de Renan à articulação de Temer para tirar a liderança do PMDB na Câmara Federal das mãos de Leonardo Picciani, um defensor de Dilma. Sempre que pode, Renan tem criticado a atuação do vice que, mesmo dentro do governo é acusado de conspirar contra a petista.

Especialista

Para o cientista político David Fleisher, da Universidade de Brasília (UnB), o Planalto terá dificuldades para manter a “meia aliança” com o PMDB. Um dos desafios é tirar uma “motivação forte”, que é a perspectiva de poder para um partido. “Vocês não querem ficar conosco? Então, tudo bem. Mas vai ser esquecido nesta nova composição. É uma persuasão forte”, afirma Fleisher .

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