• Carregando...

Pressionado para deixar o cargo até por aliados, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), descartou na manhã desta quarta-feira a possibilidade de renunciar e chegou a afirmar que estava "redondamente enganado" quem pensa que ele vai se afastar da presidência por causa de "denúncias sem fundamento".

O senador, que é acusado de ter tido despesas pessoais pagas por lobista, pediu ainda que o Conselho de Ética seja rápido na decisão sobre a representação do PSOL contra ele. A votação do relatório - que pede o arquivamento do processo - está marcada para a tarde desta quarta-feira.

- Está todo mundo esperando que o Conselho decida. Quanto mais rápido, melhor, porque ajuda a retomar a normalidade do Brasil, da democracia e das instituições - afirmou Renan, que completou:

- Minha expectativa é que a verdade prevalecerá. Todas as denúncias que fizeram contra mim eu apresentei provas contra elas. Falaram até de renúncia. Quem fala isso não conhece minha biografia. Sou um homem de luta, vou até o fim. Essa palavra (renúncia) não existe no meu dicionário. Eu fiz o que precisava ser feito, produzir provas e, na hierarquia das provas, a prova contrária é a mais difícil de se produzir - afirmou o senador.

Avaliação

Porém, a situação do senador já é considerada insustentável até por assessores. A avaliação de aliados e opositores de Renan é que, se não houver uma decisão nesta quarta-feira no Conselho de Ética, ele não teria outra alternativa a não ser se afastar do cargo. Segundo o Blog do Noblat , em reunião fechada com a bancada do PT, o presidente do Conselho de Ética, Sibá Machado (PT-AC), até então aliado de Renan, disse que, se o PMDB insistir em votar o processo imediatamente e couber a ele, Sibá, desempatar a votação, Renan vai perder:

- Eu não vou ficar com esse peso nas minhas contas -afirmou Sibá às lideranças do PT.

Relatório da PF complica situação do senador

A situação de Renan se complicou, na noite desta terça-feira, depois que a Polícia Federal (PF) encontrou irregularidades nos documentos enviados pelo senador ao Conselho de Ética para comprovar que pagou com recursos próprios a pensão da filha que teve com a jornalista Mônica Veloso, e que não recorreu ao lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior.

Novo relator quer votar ainda hoje

Depende agora do Conselho de Ética decidir se vota assim mesmo o relatório ou se abre mais prazo para continuar as investigações. Escolhido para substituir o relator Epitácio Cafeteira (PTB-MA), que está de licença médica, Wellington Salgado (PTB-MA), aliado e defensor intransigente do presidente do Senado, disse na manhã desta quarta-feira que só aceitou a relatoria da representação, que deve sofrer pequenos ajustes, seja votado ainda hoje. O PSDB, de acordo com o Blog do Noblat, fechou questão e vota hoje pelo adiamento da votação do processo.

Salgado disse que o Conselho de Ética não tem condições de dar novo prazo para a Polícia Federal aprofundar a perícia nos documentos apresentados por Renan. Na opinião dele, o Conselho deveria votar logo o relatório e, caso futuramente a perícia aponte algum problema, o órgão voltaria a analisar o caso, possivelmente por meio de uma nova representação.

- Mas eu sou apenas um voto. Quem decide se vai abrir processo ou não, é o Conselho - disse.

Perguntado se considera que Renan teria recursos próprios para fazer os pagamentos à jornalista Mônica Veloso, Salgado disse que sim.

- Acredito que ele tem sim - afirmou.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse, por sua vez, que não se sente preparado para votar pela inocência ou condenação de Renan.

- O ideal é que o senador Renan Calheiros vá pessoalmente à reunião do Conselho para esclarecer todas as dúvidas que ainda persistem sobre seu patrimônio - cobrou Suplicy.

Renan disse ainda que sua vida foi exposta e que tem respondido, uma a uma, a todas as denúncias que vêm sendo apresentadas contra ele. O presidente do Senado aproveitou para provocar o advogado Pedro Calmon, responsável pela defesa da jornalista Mônica Veloso, chamando-o de mentiroso.

- Concordei até que o pinóquio prestasse depoimento. Minhas vísceras foram abertas. Estou inteiramente à disposição para responder a qualquer outra denúncia. Minha vida é aberta, não cheguei por acaso à presidência do Senado - afirmou.

Durante sessão solene em homenagem os 70 anos de criação do Grupo Bandeirantes, Renan aproveitou para criticar a imprensa.

- Não existe democracia sem liberdade de imprensa, só que liberdade de imprensa exige equilíbrio, seriedade, ética e responsabilidade. Sem responsabilidade, abre-se espaço para pirotecnia e mazelas cada vez mais banidas de sociedades evoluídas - disse.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]