
O governador Roberto Requião (PMDB) perdeu a paciência e bateu boca ontem com manifestantes que tentaram falar com ele durante a sua visita a Londrina (Norte do estado). O governador chamou os manifestantes de mal-educados e de "molecagem" o fato de interromperem seu discurso. "Eu nunca gritei na presença de um governador. É uma falta de respeito e não me interrompam mais", gritou com os manifestantes depois que vários afirmaram que o processo de consulta pública para a instalação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Esperança foi uma mentira.Os cerca de 25 manifestantes que acompanharam na prefeitura de Londrina a cerimônia de assinatura de contratos para o sistema de água e esgoto no município são moradores da Chácara São Miguel um conjunto de moradias rurais na zona sul da cidade. Eles tentam impedir a construção da estação de tratamento Esperança no local. A preocupação do grupo é que a estação provoque mau cheiro e prejudique a produção de alguns agricultores.
Apesar das reclamaçãoes dos moradores da Chácara São Miguel, o governador disse que a questão está encerrada. "Vai ser lá. Será uma usina moderna, isenta de cheiro e que ainda vai gerar energia. Protestos vão acontecer sempre, mas esta decisão foi tomada de forma técnica", afirmou. De acordo com ele, o governo vem investindo milhões de reais na saúde de Londrina "mas nada disso adianta se não tem esgoto e água tratada", justificou.
Ao final da cerimônia de assinatura dos contratos, os manifestantes cercaram Requião e tentavam falar com ele novamente. "Hoje, o senhor é governador, mas quando morrer vai ser como outro qualquer e Deus estará anotando tudo isso", disse uma das manifestantes. Requião foi irônico e respondeu que não vai morrer.
Sanepar
Antes da chegada de Requião à prefeitura de Londrina, duas moradoras da Chácara São Miguel, Maria Elisa Castanha e Vera Victorino, discutiram com o presidente da Sanepar, Stênio Jacob. "O senhor sabe do grande número de moradores da região e que existem quatro outros pontos que poderiam receber a estação de tratamento sem problemas?", questionaram. Jacob disse que todo o processo de instalação foi discutido com os moradores informação que as manifestantes rebateram. "Publicaram a chamada para audiência pública em jornal de Apucarana. Isto não é querer fazer as coisas por baixo do pano?", afirmou Maria Elisa.
De acordo com Jacob, os protestos são normais. "Quando fomos implantar o sistema Tibagi, disseram que não poderia ser feito porque as pessoas iriam beber água com agrotóxicos. Entretanto, não houve nada disso. Imagina se não houvesse esse sistema hoje?", argumentou.



