
Se a eleição para o Senado Federal fosse hoje, o governador Roberto Requião (PMDB) seria o franco favorito para ocupar uma das duas vagas em disputa. De acordo com levantamento feito pelo Instituto Paraná Pesquisas com exclusividade para a Gazeta do Povo, ele tem a preferência de 49,4% dos eleitores paranaenses. Para a segunda cadeira, há três candidatos com chances.
A petista Gleisi Hoffmann larga com vantagem: aparece com 28,2% das citações. Considerando a margem de erro de 2,5% da pesquisa, ela fica muito próxima de Gustavo Fruet (PSDB) e Ricardo Barros (PP). Os dois deputados federais estão tecnicamente empatados, com 21,7% e 20,1%, respectivamente.
Segundo a pesquisa, uma boa parcela do eleitorado ainda está indecisa em quem votar: 8,2%. Outros 6,5% dos entrevistados disseram que não votariam em nenhum dos nomes apresentados (veja infográfico). A soma das citações é superior a 100%, pois cada eleitor poderia citar dois nomes estarão em disputa as vagas de Osmar Dias (PDT) e Flávio Arns (PSDB). O pedetista pretender ser candidato a governador do Paraná e Arns não conta com o respaldo de seu partido para tentar a reeleição.
Apesar de Requião ter sido lançado por uma ala do PMDB como pré-candidato à Presidência da República, especialistas consultados pela Gazeta dizem que o caminho mais provável para ele é o Senado. "Ele tem uma candidatura a senador muito forte. Dá para considerar que uma vaga é dele", afirma o cientista político Emerson Cervi. Ricardo Oliveira, professor de ciência política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), também diz que é quase certo que Requião conquistará o mandato de oito anos no Senado.
O destaque da pesquisa foi o deputado Ricardo Barros, que a partir de agora vai trabalhar mais ainda para sua candidatura ao Senado. Na semana passada, ele tirou licença de 120 dias da Câmara para se dedicar à pré-campanha. "É uma surpresa esse patamar que ele atingiu. Os números demonstram que surtiu efeito o trabalho que ele vem fazendo nos grotões, que é onde ele mais atua", observa Celene Tonella, coordenadora do mestrado de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Perfil
Considerando apenas o interior do estado, Ricardo Barros assume a segunda posição, com 26% das preferências, atrás apenas de Requião, que também é mais forte nessa região tem 52,3% dos votos. Barros também se destaca entre os eleitores com ensino fundamental e com renda de até R$ 1.395,00 nos dois casos, ele aparece como segunda opção, de novo atrás do governador.
Segundo Celene, a atuação de Barros é marcada pelo assistencialismo. "Ele se coloca como um porta-voz de entidades que prestam auxílio à população, e isso tem surtido efeito", pondera. Para ela, é até possível que o candidato do PP roube votos de Requião, pois o eleitorado deles parece ser o mesmo. "Enxergo essa tendência, pois os outros candidatos se destacam em um eleitorado com outro perfil. Pode ser uma ameaça ao Requião."
Para Ricardo Oliveira, os números estão dentro do esperado com exceção do desempenho de Ricardo Barros. "A princípio, qualquer governador que concorra ao Senado está virtualmente eleito, especialmente quando há duas vagas em disputa." Segundo ele, o segundo lugar obtido por Gleisi é reflexo da campanha que ela já vem fazendo. "Além disso, ela se destacou quando concorreu ao Senado contra Alvaro Dias e, no ano passado, foi candidata a prefeita de Curitiba."
Sobre Fruet, o professor diz que ele também conseguiu um bom porcentual, já que nunca concorreu ao Senado. "Como deputado, ele tem uma plataforma política muito interessante para mostrar ao eleitorado." Para Oliveira, a pesquisa mostra que a candidatura de Barros é bastante viável. "É um número surpreendente."
Alianças
A definição dos nomes que vão concorrer ao Senado pode mudar bastante, em função das alianças para as candidaturas à Presidência da República. PT e PSDB têm interesse em garantir um grande número de aliados para sustentar as campanhas de Dilma Rousseff e José Serra. No Paraná, Beto Richa e Alvaro Dias disputam a indicação tucana. Tanto no PMDB e no PT paranaense, há grupos que defendem coligações com o PSDB e outras alas que preferem o PDT.
O cientista político Emerson Cervi diz que, por conta das alianças, é possível que o senador Osmar Dias desista de se candidatar ao governo do estado coisa que o pedetista nega e tente a reeleição. "Nesse caso, haveria dois candidatos bastante fortes, o Osmar e Requião, para duas vagas."
Metodologia
O levantamento do Instituto Paraná Pesquisas ouviu 1.830 eleitores paranaenses com mais de 16 anos, em 65 municípios do estado, entre os dias 16 a 21 de dezembro. A amostra tem um grau de confiança de 95,5% para uma margem estimada de erro de 2,5%, para mais ou para menos. Para a seleção, foi utilizado o método de amostragem estratificada proporcional, conforme o mapeamento do estado em 10 mesorregiões homogêneas do Paraná, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).




