
O corpo do ex-presidente João Goulart (1919-76) foi levado de volta à cidade gaúcha de São Borja. Um avião da Força Aérea Brasileira com o caixão pousou no aeroporto do município às 12h50 de ontem, dia em que a morte completa 37 anos. O segundo sepultamento de Jango, como ele era conhecido, foi concluído por volta das 17 horas.
Antes, uma missa em memória ao ex-presidente foi realizada na principal igreja da cidade. Em pronunciamento, João Vicente Goulart, filho dele, disse que a ocasião era uma "segunda despedida" e a "cova da ditadura".
As homenagens reuniram a viúva Maria Thereza Goulart, os filhos João Vicente e Denize, seis netos, amigos, admiradores do ex-presidente e militantes trabalhistas. Entre os políticos estavam o senador Pedro Simon (PMDB), o ex-deputado federal Ibsen Pinheiro (PMDB), a ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário (PT), o deputado federal Vieira da Cunha (PDT) e o governador do Rio Grande do Sul em exercício Pedro Westphalen (PP). A prefeitura de São Borja decretou feriado no município. Milhares de pessoas prestaram homenagens nas ruas.
Exumação
O corpo de Jango foi exumado no dia 13 de novembro e levado a Brasília para perícias e homenagens. Amostras coletadas serão analisadas em laboratórios fora do país. Na época da morte, divulgou-se que o ex-presidente foi vítima de um enfarte, mas familiares e o governo federal suspeitam que ele tenha sido envenenado por agentes ligados à ditadura militar (1964-85).
João Goulart era do PTB e foi eleito vice do ex-presidente Jânio Quadros, da UDN (1917-1992), em 1960, para o mandato de 1961 a 1965. Jânio renunciou à Presidência em agosto de 1961. Pressionado pelos militares, que temiam a proximidade de Jango com os comunistas, o Congresso decidiu adotar o parlamentarismo. Tancredo Neves assumiu o cargo de primeiro-ministro. Em 1962, foi realizado um plebiscito e a maioria da população optou pela volta do presidencialismo. Jango foi deposto em abril 1964 pelos militares, que instalaram uma ditadura que só terminou em 1985, quando o Congresso elegeu José Sarney para a Presidência.



