Principal liderança tucana no Paraná, o governador Beto Richa (PSDB) vive o dilema de apoiar um colega de partido (o ex-deputado Gustavo Fruet) na eleição de 2012 à prefeitura de Curitiba ou o ex-vice, fiel aliado e atual prefeito Luciano Ducci, que é de um partido diferente, o PSB. Nessa corrida pela preferência de Richa, Ducci parece ter largado na frente. Em entrevista à Gazeta do Povo, o governador demonstrou ser contra uma intervenção no diretório municipal do PSDB de Curitiba ? atualmente com fortíssima tendência a dar suporte à reeleição de Ducci em detrimento de Fruet.
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A intervenção chegou a ser cogitada pelo presidente estadual do PSDB, o deputado Valdir Rossoni. Isso evitaria que os tucanos de Curitiba, liderados pelo vereador João Cláudio Derosso (presidente municipal do PSDB), fechassem desde já o apoio a Ducci.
Apesar disso, na avaliação de Richa, não existe motivo para a medida. ?Seria um gesto traumático e a pergunta que fica no ar é: que argumentos consistentes haveria para justificar uma intervenção??, questionou o governador. O posicionamento de Richa seria um sinal de que ele não estaria tão disposto a abandonar o projeto de apoiar a reeleição de Ducci para apostar numa candidatura própria do PSDB.
Os integrantes do partido que defendem a intervenção afirmam que, se mantida a eleição do novo diretório municipal, marcada para o dia 20, o destino do PSDB em 2012 já estaria selado: apoiar a reeleição de Ducci. Nos próximos dias, Richa deve se reunir com Rossoni e com Derosso para tratar do assunto.
Derosso seria um dos principais defensores da aliança com o PSB e já teria orquestrado o diretório municipal para isso. Os comentários nos bastidores são de que o vereador estaria interessado na vaga de vice da chapa de Ducci. Derosso, no entanto, nega. ?Em nenhum lugar você vê uma declaração minha de que o partido deve apoiar o Luciano. O que eu defendo é que sejam cumpridas as regras partidárias e tenhamos a eleição interna para definir o novo diretório.?
Apesar da negativa de Derosso, é evidente a preocupação de parte dos tucanos com a reeleição dele para a presidência do diretório municipal. Na semana passada, o deputado estadual Mauro Moraes ? candidato tucano à Assembleia Legislativa mais votado na capital ? se reuniu com Rossoni para tratar do assunto. Moraes faz parte do grupo que acredita que a eleição do diretório significará o apoio automático a Ducci.
Gustavo Fruet faz a mesma avaliação. ?Se houver a definição do diretório, ficará evidente que há pouco espaço para uma candidatura própria do PSDB?, afirma Fruet, que cobra um posicionamento do partido. ?Se eu não for candidato, tem que ficar claro o motivo. E só não serei candidato se não houver vontade e apoio do partido.? Rossoni já afirmou que o PSDB não poderá negar a legenda a Fruet caso ele realmente queira ser candidato. Mas o ex-deputado só admite se candidatar caso conte com o apoio de todo o PSDB. Por isso, na avaliação dele, a intervenção no diretório neste momento é tão importante.
A pressa e preocupação de Fruet por uma definição do partido se explica pela experiência do ano passado. Os tucanos esperaram até o último momento por uma resposta de Osmar Dias (PDT) ao convite para que ele disputasse a reeleição ao Senado na chapa de Richa. Apenas depois da negativa de Osmar ? que preferiu ir para a disputa pelo Palácio Iguaçu, mas só anunciou isso no último momento ?, o partido abriu espaço para Fruet se candidatar ao Senado. O tucano considera que essa demora foi um dos motivos para sua derrota nas urnas.
No entanto, embora não tenha saído vitorioso, Fruet se cacifou para a disputa do ano que vem. Na capital, foi o primeiro colocado entre os candidatos ao Senado, com 646,8 mil votos. Além disso, ele conta com a orientação da cúpula nacional do PSDB, de que o partido deve lançar candidatos em todas as cidades em que tiver chances de vencer em 2012.




