Richa sai de férias em meio à crise na segurança

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O governador Beto Richa (PSDB) entrou em férias ontem à noite e já seguiu viagem para a Espanha com a mulher e secretária esta­dual, Fernanda Richa, além de amigos. O governador ficará fora pelos próximos 15 dias. Só deve retornar ao Palácio Iguaçu no próximo dia 5 de junho. Richa enviou ontem uma mensagem à Assembleia Legislativa informando a viagem para "tratar de assuntos particulares, sem custos para o estado".

O comunicado de férias do governador ocorreu dois dias depois que a série de reportagens "Polícia Fora da Lei", da Gazeta do Povo, mostrou irregularidades na distribuição de verbas do Fundo Rotativo da Polícia Civil. As repotagens mostraram que nos últimos oito anos foram destinados recursos do fundo para delegacias que não operavam mais. A denúncia deflagrou uma crise na área da segurança no estado.

Durante as férias de Richa, o vice-governador Flávio Arns (PSDB) se licencia do posto de secretário da Educação e assume a chefia do Poder Executivo. A Arns caberá administrar o desdobramento da crise instalada na Polícia Civil.

Ontem, o líder do governo na Assembleia, Ademar Traiano (PSDB), disse que a viagem do governador já estava marcada há tempos e não vai interferir na crise da Polícia Civil. "As medidas já foram tomadas, inclusive com o estabelecimento de prazos. Tudo será investigado para apurar responsabilidades e punir culpados. Se for necessário, cabeças vão rolar", disse.

Para o professor de ciência política da Universidade Federal do Paraná Ricardo Costa de Oliveira, o momento escolhido pelo governador para sair de férias é inadequado. "No meio de uma crise não convém que o comandante abandone o barco", disse. Ele ainda ressaltou que o mês escolhido para as férias não coincide com o do recesso parlamentar, o que tornaria o momento ainda mais inconveniente.

Para Oliveira, a gestão da segurança tem sido o ponto negativo do mandato do governador. Ele cita três casos graves ocorridos na área durante este período: o afastamento do ex-comandante -geral da PM coronel Marcos Scheremettta por suspeita de envolvimento com contraventores; a ação de um grupo de policiais civis rebeldes que "estouraram" um cassino clandestino no bairro do Parolin; e a recente revelação das irregularidades no Fundo Rotativo da Polícia Civil "A sede abandonada da delegacia de Guaraqueçaba virou o símbolo da má imagem que a área de segurança merece dos olhos da população", disse.

Cancun

Esta é a segunda licença que Richa tira durante seu mandato. Em julho do ano passado, entre os dias 14 e 27, o governador e Fernanda Richa viajaram ao balneário de Cancun, no México. Na viagem, eles celebraram o casamento de um familiar da primeira-dama. Durante sua gestão, Richa também deixou o país em duas viagens oficias – ambas no ano passado. A primeira foi para a Argentina e a segunda para a Europa.