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A Polícia Federal (PF) prendeu, na manhã desta terça-feira (16), o diretor-executivo e segundo homem na hierarquia da instituição, Romero Menezes, acusado de usar seu prestígio político para favorecer o irmão, José Gomes de Menezes Júnior, em licitações no Amapá e no Pará. O irmão do delegado também foi preso nesta terça-feira. Ele é dono de uma empresa que presta serviços de limpeza e pretendia entrar também no ramo de vigilância.

A voz de prisão foi dada pelo próprio diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, em seu gabinete. É a primeira vez que um vice da Polícia Federal é preso. Acima dele estava apenas Corrêa.

Constrangido, o diretor-geral da PF disse em conversa informal com jornalistas que a prisão foi uma forma de preservar a busca de provas. Em prisão preventiva durante cinco dias, Menezes ficará detido na Superintendência da PF em Brasília. Romero pediu afastamento do cargo ainda no gabinete de Corrêa, e já prestou depoimento na sede da PF.

A prisão foi um desdobramento da Operação Toque de Midas, que ocorreu em julho deste ano e que investiga indícios de que empresas do empresário Eike Batista podem ter infrigido a lei de licitações durante processo de concessão de uma estrada de ferro no Amapá. A empresa de José Menezes estaria entre as investigadas por irregularidades.

O pedido de prisão foi feito pelo Ministério Público Federal do Amapá. Para o MP, existem indícios que Romero teria favorecido funcionários da EBX e da empresa dirigida pelo irmão dele. Também foi preso na operação Renato Camargo dos Santos, diretor da empresa MMX, de propriedade de Eike.

Diretor da PF diz que prisão era desnecessária

Diretor do Departamento de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Roberto Troncon Filho considerou na terça-feira desnecessária a prisão de Romero Menezes.

- A prisão, na nossa opinião, não seria necessária. Não há comprovação contumaz ou prova cabal de nenhum desses ilícitos que são provisoriamente imputados ao diretor-executivo. Esta prisão não teve como fundamento o vazamento de informações. A Justiça achou que poderia ter interferência na coleta de provas - disse a jornalistas o delegado Roberto Troncon Filho, que substitui provisoriamente o colega na diretoria-executiva da PF.

Troncon disse estar aborrecido com o acontecido, mas ressaltou que o fato reforça a imagem do órgão, já que, segundo ele, a PF estaria dando provas de que seu trabalho é feito dentro das regras do jogo.

- Não importa quem, se o mais alto funcionário público ou o mais humilde dos investigados - complementou.

No momento da prisão, às 9h50, estavam presentes no gabinete de Corrêa os diretores Daniel Lorenz (Inteligência) e Roberto Troncon (Crime Organizado). A diretoria executiva da PF será ocupada interinamente por Trocom. Os policiais também fizeram busca e apreensão de documentos no gabinete, na casa de Romero Menezes, e em uma sala da Secretaria Nacional de Segurança Pública, no Ministério da Justiça.

Meneses ocupou vaga deixada por delegado afastado

Meneses deixou a secretaria de Defesa Social de Pernambuco em setembro do ano passado para assumir o lugar do delegado Zulmar Pimentel. Então número dois da PF, Pimentel fora afastado em maio de 2007, acusado de vazar informações para o ex-superintendente da PF no Ceará João Batista Paiva Santana e, com isso, comprometer parte das investigações da Operação Octopus, origem da Navalha. Segundo a investigação, no início de 2006, Pimentel foi a Fortaleza para exonerar João Batista e contou que ele estava sendo afastado porque era alvo de uma investigação.

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