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O ex-secretário de Estado do Trabalho, Padre Roque Zimmermann, negou ontem as denúncias de formação de um "caixa 2" com desvio de salário de funcionários com cargos comissionados, enquanto chefiou a pasta, de 2003 ao início de 2006. Ele confirma, porém, que negociava a repartição dos salários antes de contratar pessoas para cargos de confiança.

De acordo com o ex-secretário, alguns salários de comissionados eram muito baixos. Como considerava injusto e "por uma questão de solidariedade", ele negociava, anteriormente à contratação, a divisão dos salários daqueles que tinham um cargo com valor mais alto, recebendo de R$ 3 a R$ 4 mil, com outros funcionários contratados com cargos mais baixos, que ganhavam perto de R$ 500. "Nós negociávamos com as pessoas: ‘É o seguinte, você vai repassar R$ 600, R$ 700 para outra pessoa. Você topa?’ E se o indivíduo topava, nós contratávamos esse cara", disse Zimmermann. Na opinião do ex-secretário, não se trata de uma irregularidade, já que o funcionário, "quando recebe o salário, pode dispor dele como bem entender".

Denúncias de contratação irregular na Secretaria do Trabalho provocaram o debate, na quarta-feira, sobre a formação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembléia Legislativa. A CPI ainda está sendo analisada, mas os deputados já aprovaram um pedido de informações ao atual titular da pasta, Nélson Garcia, para que esclareça dúvidas.

Além do repasse de salários, os deputados querem saber de Garcia o que ele sabe sobre um suposto esquema de desvio de recursos da secretaria para ONGs "fantasmas", diárias frias e terceirização de funcionários.

Uma tomada de contas especial foi aberta no Tribunal de Contas do Estado (TCE) no ano passado para verificar o repasse de dinheiro para ONGs nos anos de 2005 e 2006, sem a apresentação de Certidão Liberatória do TCE.

Padre Roque explica que um decreto estadual impedia o repasse até 2005, mas o secretário conseguiu do governador Roberto Requião a liberação do dinheiro sem a certidão, já que as entidades menos estruturadas tinham dificuldade de estar com as certidões em dia no momento em que o dinheiro era liberado pelo governo federal. "O dinheiro do governo federal muitas vezes demora e, quando saía, a certidão, que tem prazo de validade, já tinha vencido", diz o ex-secretário.

Não é essa a única bronca de Padre Roque com o TCE. O tribunal considerou irregular as contas da secretaria na gestão de Zimmermann referentes ao exercício de 2004. Ele recorreu da decisão, perdeu e agora pede a revisão da decisão. Em pauta ontem, os conselheiros não puderam votar porque uma ação judicial que tramita no Tribunal de Justiça impede a decisão do TCE.

O ex-secretário garante que não teme nenhuma investigação, tanto por parte do TCE, quanto da Polícia Federal e dos deputados. Candidato a deputado estadual no ano passado, Zimmermann não se elegeu. Em Ponta Grossa dando aulas na universidade estadual, ele ainda não retomou suas atividades paroquiais.

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