Apontada pela oposição como expoente de uma oligarquia que comanda há mais de 40 anos o Maranhão, a nova governadora do estado, Roseana Sarney (PMDB), quer dissociar sua imagem da figura principal do clã: o pai e presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Num movimento pensado, o senador não apareceu publicamente ao lado de Roseana em nenhuma das solenidades de posse e diplomação da governadora, na última sexta-feira (17). Roseana não quer nem ser fotografada ao lado das imagens do senador Sarney, espalhadas pela casa no Calhau, bairro de classe média alta de São Luís.
"Quero que me deixem governar. Que parem de dizer que sou de oligarquia", reclamou neste domingo Roseana ao ser fotografada ao lado de uma foto presidencial do pai.
Para mostrar que tem voo político próprio, a governadora lança mão de sua biografia: lembra que foi a deputada federal mais votada do estado, que foi eleita por duas vezes governadora do Maranhão e pré-candidata à presidência da República, além de senadora. Alega ainda que José Sarney não faz política há anos no Maranhão e que, atualmente, sequer conhece os prefeitos do estado.
"A oposição só tem esse discurso: dizer que não faço nada, que vou roubar aqui, mas vou me esconder atrás dessa oligarquia", afirma Roseana. "Mas o que se viu aqui foi uma grande corrupção, um grande desmando, um desgoverno."
A estratégia de Roseana de tentar descolar sua imagem de seu pai faz parte do marketing que começa a ser construído para sua campanha à reeleição no ano que vem. Em 2006, um dos motivos apontados para sua derrota foi a vinculação com o clã do Sarney, personificado na pessoa de José Sarney. Às vésperas do segundo turno, uma onda contra a família Sarney tomou conta do Estado, levando Roseana à derrota. "Tenho pai que tem nome nacional, assim como vários outros filhos têm. E isso nunca atrapalhou a ninguém. Tenho de ser analisada pelo meu trabalho e competência e não por ser filha de quem sou", diz a governadora.



