
Na primeira sessão do ano, o vereador João Cláudio Derosso (PSDB) desconversou ontem sobre a possibilidade de retornar à presidência da Câmara de Curitiba no próximo dia 21, quando acaba a licença de 90 dias requerida por ele mesmo em novembro. Nos bastidores, comenta-se que o tucano estaria receoso em voltar a comandar o Legislativo da cidade e ser alvo de mais uma investida do Ministério Público Estadual (MP) o que poderia colocá-lo novamente em evidência e prejudicar seus planos de reeleger-se na eleição de outubro. Ontem, o promotor Paulo Ovídio dos Santos Lima, da Promotoria do Patrimônio Público, disse que, caso Derosso retorne à presidência, o MP vai pedir que ele se afaste do cargo.
Derosso se licenciou do comando da Câmara logo depois que o MP o denunciou à Justiça por improbidade administrativa em razão de suspeitas de irregularidades em contratos de publicidade da Câmara. Na ação, o MP havia pedido o afastamento cautelar do vereador do comando do Legislativo até o final do julgamento da ação. Como o tucano se afastou voluntariamente, o pedido de liminar perdeu seu objeto. Mas a volta à presidência faria com que o MP novamente pedisse seu afastamento.
Ontem, Derosso evitou a imprensa na sessão de reabertura dos trabalhos legislativos. "Não sei, vamos esperar o dia 20", limitou-se a dizer quando questionado sobre a decisão que terá que tomar sobre a volta à presidência.
Já os vereadores da base aliada do prefeito Luciano Ducci (PSB), que também dá sustentação a Derosso, estavam com discurso afinado. Na intimidade, ele ainda é tratado pela maioria de "presidente". Os aliados dizem que a decisão sobre o afastamento definitivo é pessoal e a bancada da situação não vai interferir.
Questionado sobre o desgaste que um ação do MP para afastar novamente Derosso da mesa diretora poderia trazer para a imagem da Casa, o vereador Emerson Prado (PSDB) disse que isso está sendo avaliado pelo presidente licenciado. "Nós, do partido [o PSDB], estamos ciente de tudo isso e ele também. Ele sabe o que tem que fazer", disse.
Nos corredores da Câmara, aliados de Derosso comentam que a tendência é que ele renove o pedido de afastamento da presidência para evitar prejuízos em sua campanha de reeleição. Essa hipótese, porém, é vista com desconfiança pela oposição. "Seria a melhor saída para a instituição, mas não acredito que vá ocorrer", disse o vereador Pedro Paulo (PT), novo líder de seu partido na Casa.
Já o líder da oposição, Algaci Túlio (PMDB), lamentou o comportamento dos colegas vereadores no caso. Ele lembrou que dois processos no Conselho de Ética contra Derosso foram arquivados no ano passado e que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada para apurar as denúncias isentou o tucano, alegando falta de provas.
Derosso foi denunciado pelo MP à Justiça por ter contratado a agência de publicidade de sua mulher, Cláudia Queiroz Guedes. Nesse período, os dois não eram casados, mas Cláudia era funcionária da Câmara quando participou da licitação o que é ilegal. O contrato foi prorrogado já quando os dois estavam juntos. Os contratos da Casa com a agência de Cláudia somaram R$ 5 milhões.





