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Relações suspeitas

Senado dá o 1.º passo para cassar Demóstenes

Humberto Costa pediu abertura de processo disciplinar contra o senador, acusado de envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira

Demóstenes Torres é acusado de faltar com a verdade e de receber vantagem indevida | Jonas Pereira/Ag. Senado
Demóstenes Torres é acusado de faltar com a verdade e de receber vantagem indevida (Foto: Jonas Pereira/Ag. Senado)

O senador Humberto Costa (PT-PE), relator do processo contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) no Conselho de Ética da Casa, pediu ontem a abertura de processo disciplinar contra o parlamentar. O relatório de Costa será votado pelo conselho na semana que vem, dia 8 de maio. Esse foi o primeiro passo para a provável cassação do mandato do senador, que aparece na operação Monte Carlo, da Polícia Federal, como um dos integrantes da organização do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Em um parecer de 63 páginas, Costa argumentou que Demóstenes "faltou com a verdade", o que configura quebra de decoro, ao afirmar que foi contra a legalização dos jogos de azar no país e só mantinha "relações sociais" com Cachoeira, em discurso feito em 6 março último, no plenário do Senado. Na ocasião, Demóstenes subiu à tribuna para explicar o recebimento de presentes de casamento de Cachoeira.

Nas alegações finais em que pede abertura de processo disciplinar, o relator afirmou ainda que Demóstenes teria conhecimento das atividades ilícitas de Cachoeira. Costa argumentou que, como ex-procurador de Justiça e ex-secretário de segurança de Goiás, Demóstenes não tinha como desconhecer as atividades de "contravenção" de Cachoeira alardeadas durante a CPI dos Bingos do Senado, em 2006.

Para pedir a abertura do processo, Costa acusou Demóstenes de ter recebido "vantagem indevida" ao aceitar um aparelho de rádio-celular Nextel do contraventor. Esse foi um dos aparelhos de telefone grampeados pelo Polícia Federal em que foram detectadas quase 300 conversas entre Cachoeira e Demóstenes.

Mais tempo

Dizendo-se surpreendido com o teor do relatório, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, que defende Demóstenes, tentou ganhar tempo. Kakay, como é conhecido, requisitou mais cinco dias para apresentar nova defesa. O pedido foi negado pelo presidente do Conselho de Ética, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE).

Nenhum dos senadores presentes à leitura do parecer de Costa se pronunciou. Se for confirmada a abertura de processo contra Demóstenes, o pedido de cassação de seu mandato só deverá chegar ao plenário do Senado próximo ao recesso parlamentar, que começa no dia 18 julho.

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