O presidente do Conselho de Ética do Senado, Sibá Machado (PT-AC), disse nesta segunda-feira (4) que deve deixar para a próxima semana a decisão se vai dar seqüência ao processo contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por quebra de decoro. Esta é a segunda vez que é adiada a decisão sobre a representação protocolada pelo PSOL.
O senador petista defendeu-se também de que estaria tentando proteger o aliado. O processo questiona se haveria supostamente um desvio de conduta na relação de Renan com Cláudio Gontijo, representante da empreiteira Mendes Júnior.
"Não estou protegendo, estou convencido que o tempo, a pressa não podem ficar na frente da análise dos documentos. Com pressa, podemos analisar sem embasamento e tomar uma decisão frágil", disse o presidente do Conselho de Ética.
A argumentação do adiamento da decisão é usar a próxima reunião do Conselho, marcada para quarta-feira (6), para distribuir aos outros membros do órgão todos os documentos entregues por Renan.
"Vou propor também que o senador Romeu Tuma (DEM-SP) divida conosco as informações que estão na corregedoria. Haveria dados que ainda não foram divulgados por constarem de um processo que está em segredo de justiça", afirmou Machado.
Os dois adiamentos mostram o clima que tomou conta dos senadores. Todos estão perto de dizer que não há elementos para abrir um processo por quebra de decoro contra Renan. A primeira lógica é separar a vida pessoal de Renan com a jornalista Mônica Veloso, e a relação com Gontijo. "Toda a decisão individual do presidente Renan Calheiros compete a ele", disse Siba.
A segunda explorada pelos senadores é que as explicações dadas pelo colega já foram suficientes. "Na teoria, o presidente Renan já prestou todas as explicações necessárias, mas eu ainda quero analisar os documentos", disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que é membro suplente do Conselho de Ética.
Renan é suspeito de ter usado recursos da empreiteira Mendes Júnior para pagar à jornalista Mônica Veloso a pensão, por conta da filha que tem de três anos, e o aluguel de um apartamento. Os documentos entregues tanto ao Conselho de Ética quanto à Corregedoria comprovariam que o senador teria recursos suficientes para fazer os repasses mensais de R$ 12 mil, segundo avaliação do corregedor Romeu Tuma.
