Senadores do PT e do PSDB deram continuidade nesta quinta-feira (21) à troca de acusações sobre as "heranças" dos governos Lula e Dilma e da administração Fernando Henrique Cardoso. Da tribuna do Senado, petistas afirmaram que o PSDB renega o legado de FHC.
"Não foi o PT que tentou esconder o presidente Fernando Henrique durante o período logo após o governo dele. Sempre cobrei do PSDB: defendam seu líder. O presidente Fernando Henrique é um líder deste país, é um grande brasileiro, mas o PSDB vai fazer programa de televisão, vai fazer campanha política e não toca no nome dele. Não é mais um grande eleitor", disse o senador Jorge Viana (PT-AC).
Em resposta, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) disse que as palavras de Dilma ao afirmar que não "herdou nada" representam a "arrogância" dos governos do PT.
"É uma versão exagerada do nunca antes neste país, é uma hipérbole da arrogância, autossuficiência que em muitos casos resvala pela bazófia, que muitas vezes o presidente Lula ao seu tempo se expressou", disse o tucano.
Segundo Aloysio Nunes, o Brasil "não apenas não começou ontem como os governos que têm consciência de sua importância devem ter consciência da sua transitoriedade".
Jorge Viana, por sua vez, disse que o PT tem "orgulho" dos líderes que tem, por isso essa é uma "diferença política" em relação aos tucanos. Em resposta ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), que ontem discursou para apontar os "13 fracassos" do PT no governo, disse que "é coisa de criança" comparar números atuais com governos anteriores.
"É coisa de criança comparar, colocar defeito. Acho que um dos problemas dos nossos opositores é que eles não têm alternativa ao nosso programa, ao nosso plano. Aliás, o mundo tem dificuldade de copiar esse modelo nosso, porque ele é original", disse o petista.
Para o senador Paulo Paim (PT-RS), os feitos dos governos do PT devem ser lembrados por terem melhorado índices como o salário mínimo e a geração de empregos.
"Saímos de US$ 60 [do salário mínimo] e estamos quase em US$ 350. Emprego, que é fundamental, nós estamos quase que no pleno emprego, menos que 5% enquanto que a Europa está próximo a 25%", disse.
Aliado do governo, o senador Inácio Arruda (PC do B-CE) disse que a fala de Dilma não pode ser questionada, pois o "líder" da década no país é o ex-presidente Lula.
"Esse fato é um governo que abriu as portas para o movimento social, as centrais sindicais, os estudantes, o movimento popular e comunitário, as conferências. O povo adentrou o Palácio com vigor", afirmou.
No evento em comemoração aos 10 anos de governo do PT, em São Paulo, Dilma rejeitou a herança de Fernando Henrique, logo após Lula apontar a vitória dela em 2014 como "uma consagração política" diante das críticas ao PT feitas ontem por Aécio Neves --principal nome do PSDB para a Presidência.



