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Morgenstern: livro Por Trás da Máscara analisa o ano de 2013. | Acervo pessoal
Morgenstern: livro Por Trás da Máscara analisa o ano de 2013.| Foto: Acervo pessoal

As manifestações de rua de 2013 são o tema do primeiro livro do analista político Flávio Morgenstern. Por Trás da Máscara chega às livrarias nesta segunda-feira (22), com uma análise do que foram os protestos que levaram 3 milhões de pessoas às ruas ao mesmo tempo em todo o país. “Ao se rever 2013 a uma distância segura, é fácil perceber que foi o ano mais incompreendido de toda a nossa história”, diz Morgenstern. A Gazeta do Povo conversou com o autor sobre o assunto.

Dois anos depois, o que ficou como legado das manifestações de 2013?

Foi um movimento de massas, reivindicatório, em que as pessoas foram para as ruas sem saber quem podia dar o que elas queriam. A resposta do governo [federal] também foi genérica. O PT viu espaço para fazer o Programa Mais Médicos, que é um programa de trabalho escravo [dos profissionais cubanos], usando as manifestações como desculpa. O legado é que as pessoas se cansaram rapidamente, até pela violência das manifestações. Se tem algo positivo, é um alto índice de insatisfação. Veja a popularidade da Dilma, que quase perdeu a eleição.

Pergunte a alguém
que esteve nas manifestações
[de 2013] se teve
suas reivindicações atendidas. Mesmo assim, a mentalidade reivindicatória continua forte.

Como avalia a reforma política que está sendo feita na Câmara, uma das reivindicações de 2013?

É preciso ter cuidados com as palavras. Pode-se chamar de reforma qualquer coisa. A reforma política que o PT quer implantar, tendo como desculpa os protestos, é apenas acabar com o poder econômico nas eleições. Não estão fazendo reforma política e sim eleitoral.

Mas o que temos visto é PT e PSDB votando juntos e contrários a alguns partidos mais conservadores...

Estão se batendo para ver quem é mais igual. A ideia das pessoas nas ruas era “vamos fazer a política funcionar”. Na verdade, elas não sabem como fazer.

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Seu livro diz que 2013 não terminou porque não foi compreendido. Que paralelo é possível fazer com 1968 – O Ano que Não Terminou, livro de Zuenir Ventura?

Primeiro, 2013 não foi só junho e julho. Teve manifestações depois e em 2014 também. Em 1968, o país tinha regredido muito em pouco tempo. O pessoal estava esperando eleições, que só viriam depois de 20 anos de ditadura. O pessoal se sentiu traído. Hoje também. Quem acreditou no PT também se sente traído. A forma de mudar a situação é bem diferente. Hoje temos liberdade de expressão e está bem mais fácil.

O que uniu todas aquelas pessoas em 2013?

Um sentimento difuso no ar, fenômeno bastante estudado. O problema é que, para unir as pessoas, as reivindicações ficam no genérico – “mais educação, mais saúde”. Na verdade elas não sabem o que estão fazendo, só têm esse sentimento difuso e estão gritando pelas mesmas coisas na rua.

Para onde foi aquilo que uniu as pessoas em 2013?

Aquele sentimento está no ar, apesar do fracasso que foi 2013. Pergunte a alguém que esteve nas manifestações se teve suas reivindicações atendidas. Mesmo assim, a mentalidade reivindicatória continua forte. Esse é o pior legado de todos: achar que políticos vão lhe dar alguma coisa.

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