
O juiz federal Sergio Moro, que conduz as ações penais da Operação Lava Jato, decretou nesta terça-feira (21) nova prisão temporária de Marice Corrêa de Lima, cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. O Ministério Público Federal (MPF) havia pedido a prisão preventiva de Marice.
Os procuradores alegaram que Marice mentiu durante seu depoimento prestado na segunda-feira (20), diante das autoridades. Ela foi detida temporariamente (por 5 dias) após se entregar, na sede da Polícia Federal, em Curitiba, na sexta-feira (17).
“A medida oportunizará nova oitiva de Marice Corrêa de Lima na qual ela poderá esclarecer ou não sua participação nos depósitos em espécie realizados na conta da esposa de João Vaccari Neto e as circunstâncias que envolveram esses fatos”, afirmou o juiz Sergio Moro.
Depósitos “picados”
Marice foi identificada como a pessoa que pode ter feito depósitos “picados” para a irmão e mulher de Vaccari, considerados formas de ocultar o rastreamento de dinheiro ilegal. Ouvida nesta segunda-feira em Curitiba pelos investigadores da Lava Jato, Marice negou ter feito depósitos na conta da irmã, mulher de Vaccari, em 2015. Imagens inéditas anexadas ao processo, das câmeras de bancos, mostram, porém, que a cunhada pode ter sido a origem desses depósitos e que eles teriam continuado até março.
“Não se trata aqui de compelir à confissão, mas de conceder à investigada a oportunidade de defender-se em vista da prova nova trazida pelo Ministério Público Federal. Querendo, poderá, evidentemente, exercer o direito de ficar em silêncio”, disse Moro, em sua decisão.
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A força-tarefa da Lava Jato havia identificado depósitos “picados”, no limite próximo de R$ 10 mil, que somaram R$ 322,9 mil na conta da mulher do ex-tesoureiro do PT sem identificação do depositante. Em um único dia, 12 de dezembro de 2013, Giselda Rousie de Lima recebeu em conta cinco depósitos, quatro deles no valor de R$ 2 mil e um de R$ 1.500.
Iniciou-se então uma investigação para identificação quem poderia ter feitos os depósitos. O Banco Itaú, após ser acionado pelo MPF, foi um dos que enviou imagens de suas câmeras internas.
“Embora Marice não tenha sido identificada nominalmente, os vídeos apresentados não deixam qualquer margem para a dúvida de que a pessoa em questão é Marice Corrêa de Lima, como pode ser visualizado nos documentos”, afirmou Moro.



