
A decisão do ex-governador paulista José Serra (PSDB) de concorrer à prefeitura de São Paulo praticamente consolida o senador mineiro Aécio Neves como o candidato tucano à Presidência da República em 2014. Também evita que o PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, se alie ao PT e apoie o ex-ministro da Educação Fernando Haddad na disputa paulistana (leia mais sobre o apoio de Kassab no quadro ao lado).
Kassab, que se reuniu com Serra na noite de sexta-feira, disse que o tucano desistiu de fato de ser candidato a presidente. "Essa questão [de se candidatar à Presidência] está encerrada na vida do Serra. Ele abandona esse projeto. Ele deixou isso muito claro. Ele tinha um grande projeto, aliás legítimo, de ser presidente. Caso fosse candidato de novo, se fosse eleito seria um grande presidente. Mas ele entendeu que deveria abandonar esse projeto. E ele abandonou", afirmou Kassab.
Isolado no PSDB nacional, a candidatura de Serra à prefeitura da capital paulista acabou sendo a única alternativa para a sobrevivência política de Serra que pretendia disputar novamente a Presidência em 2014 (ele já havia sido o candidato tucano em 2002 e 2010). Porém, lideranças de peso no PSDB acham que, para o partido ter sucesso na reconquista do Planalto, precisa de um nome novo: Aécio Neves.
Recentemente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o mineiro era o "candidato natural" do PSDB à Presidência. Lideranças regionais do partido, como o governador paranaense Beto Richa, vêm participando frequentemente de eventos públicos com Aécio, enquanto Serra é "esquecido".
Mas o caminho de Aécio ainda não está inteiramente livre para concorrer à Presidência. Primeiro, Serra terá de confirmar a indicação interna do PSDB paulistano onde ele encontra adversários. Depois, o paulista teria de vencer a disputa municipal. Caso se eleja, sairia fortalecido, mas teria dificuldade de justificar novamente ao povo paulistano uma eventual renúncia em 2014 para disputar a Presidência (Serra já fez isso em 2006 para disputar o governo estadual). Se não for eleito, se enfraquece politicamente, mas ainda teria forças para "assombrar" a candidatura de Aécio ao Planalto.
Meses de indefinição
A decisão de Serra foi tomada após meses de indefinição. O PSDB teme perder para o PT nas eleições deste ano a hegemonia política que tem em São Paulo.
Em princípio, porém, Serra deverá disputar com outros pré-candidatos tucanos o direito de concorrer à prefeitura. O ex-governador, no entanto, gostaria de ser "ungido" pelo partido e não ter de disputar as prévias.
Nos bastidores, a ala do PSDB ligada a Serra já articula o adiamento (ou até mesmo o cancelamento) da escolha do candidato do PSDB na eleição municipal. A mudança da data da eleição interna, marcada para 4 de março.
Antes da entrada de Serra na disputa, o PSDB tinha quatro pré-candidatos à prefeitura: os secretários estaduais de Cultura, Andrea Matarazzo; de Meio Ambiente, Bruno Covas; de Energia, José Aníbal; e o deputado federal Ricardo Tripoli. Matarazzo e Covas admitem desistir em favor de Serra. Mas Aníbal e Tripoli têm dito que estão dispostos a manter suas candidaturas.




