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Sem que ninguém percebesse, R$ 2,3 milhões desapareceram da Câmara de Ponta Grossa. E não foi o controle fiscal da auditoria da Casa ou das vistorias oficiais que captou o desvio. A ostentação de riqueza de um funcionário público acabou denunciando o esquema. Carros importados, imóveis requintados, viagens internacionais e roupas de grife faziam parte da rotina do assistente de contabilidade Rodrigo de Paula Pires, que recebia um salário bom – R$ 4,3 mil –, mas insuficiente para manter uma vida de luxo.

Depois que os olhares se voltaram para o assistente, foi descoberto que ele, responsável pela folha de pagamento dos servidores do Legislativo, transferia depósitos de até R$ 50 mil para a conta particular. O desvio ocorreu de 2005 a 2008. Promotoria Pública, Polícia Civil e uma auditoria da Câmara Municipal investigam o caso. Em depoimento, Pires já confessou que praticou a irregularidade e afirma que agiu sozinho. Ele começou a trabalhar na Câmara em 2002, como funcionário de confiança, e teria percebido, no decorrer do tempo, que seria fácil burlar o sistema. Então, ele alterava os extratos bancários que eram apresentados aos superiores e aos órgãos de fiscalização.

O promotor Roberto Ouriques apura a fraude e reconhece que não tem ideia se será possível recuperar todo o dinheiro desviado. O Ministério Público espera, agora, que as rotinas da Câmara local sejam alteradas de forma que as decisões estratégicas não fiquem na responsabilidade de poucas pessoas. Mesmo que Pires tenha agido sozinho, a situação administrativa e política dos ex-presidentes da Câmara não é confortável. Como ordenadores de despesas, eles podem ser responsabilizados pelo fato de não controlarem adequadamente o dinheiro público. Dois funcionários comissionados, que eram hierarquicamente superiores a Pires, já foram exonerados.

O professor de Ciências Contábeis na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Irineu Czepula, afirma que não há mistérios no controle de despesas legislativas. "Se num mês foi gasto 10% com funcionário e, mesmo sem reajuste, o valor com folha de pagamento subir para 15% no mês seguinte, é porque algo está errado", diz. (KB)

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