O senador Osmar Dias está confiante de que vai conseguir fechar uma aliança com o PP e o PSB para viabilizar sua candidatura a governador. Ele reafirmou, em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, que só trabalha com a possibilidade de disputar o governo, apesar da indefinição dos dois prováveis partidos aliados. Osmar Dias precisa vencer a queda de braço com o PMDB, que tenta de todas as formas atrair o PP e pode inviabilizar sua candidatura.
Vou fazer a pergunta mais intrigante dos últimos meses: o senhor é candidato?
Tudo caminha para isso, espero a aliança com o PP e o PSB para ter o tempo mínimo de tempo de televisão para apresentar uma proposta para o Paraná. Tenho uma reunião amanhã com a direção do PP que pode ser decisiva. Depende deles a definição.
Se não for possível fechar com o PP o senhor disputaria a eleição sem aliança?
Disputar sozinho, apenas com o PDT, é impossível. O partido tem 27 segundos de tempo na televisão e seria uma aventura. Aventureiro eu não sou, seria uma irresponsabilidade.
O PP está conversando também com o PMDB e há possibilidade de fechar apoio a reeleição do governador. O que o PDT pretende fazer?
Sei que há uma conversa do PP com o governador e eu ofereço uma aliança política, não tenho mais do que isso para oferecer, um projeto para o estado. No meu entendimento, é como se faz política.
O senhor que dizer então que o governo estaria oferecendo outras vantagens para o PP?
Não posso ser injusto de afirmar isso. O PP está à vontade para decidir seu futuro. Eles sabem minha posição, conversei com os 3 deputados federais ontem, o (Dilceu) Sperafico, o Ricardo (Barros) e o (Nelson) Meurer. Também estive com o prefeito de Guarapuava, Fernando Ribas Carli, e reafirmei a todos a importância do PP, que daria tempo de televisão estrutura à minha candidatura.
E como estão as conversas com o PSB?
O presidente do partido no Paraná, o Severino (Araújo) está em Brasília e ainda não definiu o que fazer, se terá coligação formal ou não. Também dependo da decisão deles.
O governador Roberto Requião disse ontem, durante a convenção do PMDB, que vai continuar buscando seu apoio. Ele vem conversando com o senhor e já ofereceu a vice. Quais as chances reais de uma aliança do PDT com o PMDB?
Na quinta-feira, depois da reunião com as lideranças do PDT, recebi o Requião em casa. Nunca escondi que mantenho diálogo com ele. Se ele disse isso no discurso é mais um sinal de respeito por mim, mas não muda o que eu disse: desejo ser candidato desde que consiga uma aliança mínima que garanta tempo de televisão. Se a aliança não sair, o PDT vai procurar seu caminho, mas não acredito nessa possibilidade. Só trabalho com a chance de candidatura e de uma aliança com o PP e com o PSB.
Só restaram para o PDT os pequenos partidos. A ampla frente de oposição que estava sendo costurada rachou. Alguns culpam a indefinição em torno da sua candidatura. O senhor concorda que demorou demais?
Eu não demorei para decidir, sempre esperei a decisão do PDT nacional. Se tem um responsável pelo desmantelamento da frente é o PDT. Se o PSDB e o PFL pudessem fazer uma aliança formal comigo continuaria a conversa com eles, mais ficou inviabilizado pela candidatura do Cristovam Buarque. Está muito difícil fazer política de forma diferente no Paraná, falando a verdade. Desde o início deixei os partidos livres, coloquei a minha candidatura e sempre deixei claro que era preciso esperar a definição nacional e resolver meus problemas de saúde. Fui respeitado pela maioria, mas muitos não compreendem minha posição.
Quer dizer então que o PSDB e o PFL estão liberados?
Todos têm liberdade, não podem jogar a culpa em mim. No caso do PSDB, não interfiro e nunca interferi na decisão do partido. Só tenho a agradecer pelo apoio que recebi até agora. Não cobrei reciprocidade do prefeito Beto Richa, ele é um bom prefeito e tem que fazer o que deve ser feito. Acho até que o PSDB deve lançar candidato próprio a governador porque tem candidato a presidente e precisa de palanque no Estado. Algumas pessoas dizem que estou atrapalhando o PSDB de ter candidato, mas sempre deixei o partido livre. Não estou interferindo na candidatura deles nem na aliança com Requião. O PSDB está convidado inclusive, se consumar a aliança do PDT com o PP e o PSB, a participar informalmente. Não é exigência, mas um convite. No caso do PFL, dizem que o partido se aliou ao PPS porque estava cansado de me esperar. Isso é absurdo. Perdi o apoio do PFL porque esperei a decisão de candidatura própria do PDT.
Simpatizantes do seu nome defendem que o senhor deveria sair candidato porque não teria nada a perder. Esse é o seu entedimento?
Dizem que eu não vou perder nada porque tenho mais quatro anos de mandato, mas isso não é sério, fazer campanha para se cacifar para a próxima eleição. Quem é candidato a deputado quer um candidato a governador de qualquer jeito, mas não posso jogar fora a minha história politica para atender a interesses particulares.
Todo esse impasse provocou especulações até de que o senhor estaria a serviço do governador Requião. O que acha?
Se eu estivesse já teria aceitado tudo o que ele me ofereceu.



