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Política externa

Sob críticas, Lula elogia diplomacia do país

Em artigo, jornal britânico Financial Times diz que Brasil corre risco de perder vaga no Conselho de Segurança da ONU. Avaliação foi endossada por opositores

Primeira-dama Marisa Letícia é condecorada  pelo presidente Lula | Ricardo Stuckert/Presidência
Primeira-dama Marisa Letícia é condecorada pelo presidente Lula (Foto: Ricardo Stuckert/Presidência)

Brasília - Naturalmente inconformado com as críticas à sua diplomacia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa da política externa brasileira ontem. Em discurso durante a formatura de novos diplomatas no Itamaraty, o presidente disparou contra os que queriam que ele atacasse "a garganta" de Evo Morales, quando o presidente boliviano nacionalizou as reservas de gás e mandou o Exér­­­cito ocupar as plantas da Petrobras no país, e que "esganasse" Fernan­­do Lugo, quando o presidente do Paraguai exigiu a renegociação do Tratado de Itaipu. "O Brasil é a maior economia e tem de ser generoso, aquele que ajuda o avanço dos outros", disse o presidente. Segundo ele, o aumento da participação do Brasil em discussões externas passou a gerar "ciúmes".

Seguindo a linha de defesa à política externa adotada pelo governo Lula, o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) disse que não aceita as críticas de que o Brasil deve se omitir e não se envolver no processo de paz do Oriente Médio e no enriquecimento de urânio pelo governo iraniano. Também em discurso na formatura de novos diplomatas, Amo­­­rim afirmou que o país não pode abdicar da sua própria capacidade de julgamento, nem delegar suas decisões aos mais poderosos "por temor de um suposto isolamento".

Os elogios de Lula e de Amorim à diplomacia do país foram feitos no mesmo dia em que o jornal britânico Financial Times publicou um artigo com críticas ao estilo de negociação do governo federal no exterior. O texto assinado pelo jornalista John Paul Rathbone afirma que, após a crise financeira global, o Brasil "tornou-se importante na comédia das nações, quase sem ninguém perceber".

No entanto, segundo o artigo, "a política de arco-íris do Brasil pode estar atingindo o seu limite e poderia até colocar em risco a vaga permanente no Conselho de Segurança que o país cobiça".

As críticas do periódico britânico foram endossadas pela oposição, que classificou de "ridícula" a política externa brasileira. Os oposicionistas afirmam que as "gafes" cometidas pelo presidente Lula ao defender posições polêmicas na comunidade internacional podem colocar em risco o pleito brasileiro de ocupar uma vaga no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

"Está para se configurar um descompasso entre o tamanho do país e as inconsequentes posições de seu presidente", disse o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN).

Antecessor

Em seu discurso em defesa da política externa do Brasil, o presidente Lula ainda tratou do plano eleitoral. Lula valeu-se do episódio dos sapatos descalçados pelo ex-chanceler tucano Celso Lafer ao ingressar nos Estados Unidos, em 2002, para atacar o PSDB e declarou que os brasileiros "foram induzidos" a se ver como "vira-latas" na gestão do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. "Ministro meu que tirar o sapato deixará de ser ministro", disse ele, no Ita­­­ma­­­raty, ao comentar uma ordem que teria dado a seus colaboradores no início de seu governo.

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