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Véspera de eleição tem troca de acusações

Às vésperas da convenção, os líderes das duas chapas que disputam o PMDB de Curitiba trocam farpas e acusações pela imprensa. João Arruda acusa a chapa adversária de filiar eleitores de forma irregular para obter vantagem nas eleições. Já Stephanes Jr. nega as acusações e diz que "o choro é livre". Independente de quem vença as eleições, é pouco provável que o partido saia unido depois do embate.

A disputa já começou em 2013, quando o partido trocou de mãos algumas vezes. Alegando mau desempenho nas eleições, o diretório estadual dissolveu o municipal em maio – na época, o município era comandado pelo senador Roberto Requião. Os membros do diretório convocaram uma nova convenção às pressas e elegeram Professor Altino, aliado de Requião na época. Entretanto, esta convenção também foi impugnada e, por fim, Stephanes assumiu o comando como presidente interino de uma comissão provisória em novembro.

Arruda considera a convenção realizada no ano passado como legítima, e diz que enxerga sua participação nesta nova convenção como um ato de resistência da militância histórica do partido. "Nós poderíamos não disputar e entrar na Justiça, ou brigar no diretório nacional", afirma.

Ele acusa, também, o atual diretório de promover filiações fora do prazo de pessoas sem qualquer ligação com o PMDB, para garantir mais votos. O deputado disse que pretende denunciar os adversários caso esses novos filiados votem. Apesar dessa suposta vantagem, ele diz que acredita que a militância histórica do partido deva prevalecer.

Stephanes nega as acusações. "Tenho escutado algumas coisas pela imprensa, do Joãozinho, e digo que o choro é livre", disse. Ele afirma, também, que representa a mudança no PMDB e que o partido não deve voltar atrás. "Eu defendo aquele slogan que o Requião usava: ‘voltar atrás nunca mais’. Está na hora do partido criar novas lideranças, abrir espaço para novas ideias. Chega de Roberto Requião", disse.

Rachado, o PMDB vai eleger seu diretório municipal de Curitiba neste domingo (23). Duas chapas, encabeçadas pelo deputado estadual Stephanes Júnior, presidente interino do partido, e pelo deputado federal João Arruda, devem disputar o comando da legenda. Quem vencer terá a missão de reestruturar o partido em âmbito municipal. Mesmo tendo um senador, três deputados federais e cinco deputados estaduais domiciliados na cidade, o PMDB elegeu apenas uma vereadora nas últimas eleições.

As duas chapas refletem a divisão interna do PMDB estadual – entre o grupo de Requião, o grupo de Orlando Pessuti e o grupo dos deputados estaduais, que apoia o governador Beto Richa (PSDB). Arruda, aliado e sobrinho do senador, tem o apoio da primeira facção, enquanto Stephanes tem o apoio das outras duas – também aliadas em âmbito estadual.

Logo, a convenção pode ser encarada como um aperitivo para a convenção estadual que, no meio do ano, deve definir qual o rumo do PMDB deve tomar nas eleições de 2014. O efeito prático é pequeno, já que o diretório elege apenas doze delegados de cerca de 600, mas há um valor simbólico em disputa.

Stephanes acredita que uma eventual vitória sua pode influenciar nos rumos do partido. "Acho que [uma vitória de sua chapa] enfraquece o Requião. Não define o que nós vamos fazer, mas é um símbolo sim", afirma.

Já Arruda acredita que são duas batalhas completamente distintas. "Não acredito nisso. Essa é uma eleição do PMDB de Curitiba, não para tratar das eleições deste ano. Por isso que fiz questão de inscrever a chapa e fortalecer a democracia interna do partido", afirma o deputado.

Reestruturação

Apesar da questão estadual ter seu peso, o PMDB de Curitiba é o que está em jogo. O partido vem perdendo vereadores na cidade. Hoje, Noêmia Rocha é a única parlamentar da legenda, que disputou as eleições com uma chapa pura. Apenas cinco candidatos que fizeram mais do que mil votos, número baixíssimo – o total de votos da legenda foi de apenas 29 mil.

Os dois candidatos divergem sobre o motivo disso. Arruda vê a falta de união como o principal fator. Na sua avaliação, como havia uma disputa intensa entre defensores da candidatura própria e aliados do governador, possíveis candidatos migraram para outras legendas com cenários mais previsíveis, e o partido ficou sem chapa. Já Stephanes avalia que a gestão da época, encabeçada por Requião, mantinha o partido fechado e sem espaço para novas lideranças, o que afastou possíveis candidatos.Apesar disso, as propostas de Arruda e Stephanes para fortalecer o partido são bastante parecidas. Os dois falam em reestruturar a estrutura de zonais do partido – representação da legenda nas diferentes regiões da cidade – e atrair novos quadros, com capacidade de disputar eleições e recuperar o espaço perdido pela legenda nos últimos anos.

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