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Justiça

STF abre processo contra Paulo Maluf

O deputado federal e familiares são acusados de lavagem de dinheiro de recursos desviados de obras públicas em São Paulo

Paulo Maluf, por causa da idade, ficou livre da acusação de formação de quadrilha | Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
Paulo Maluf, por causa da idade, ficou livre da acusação de formação de quadrilha (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)

O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu ontem um processo criminal contra o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP); a mulher dele, Sylvia; quatro filhos do ca­­­sal; e mais dois parentes por suspeita de lavagem de dinheiro. O Mi­­­nistério Público Federal sustentou que a família se envolveu num esquema de lavagem de re­­­cursos desviados de obras pú­­­blicas da época em que Maluf foi prefeito de São Paulo.

Como consequência da decisão, Maluf e os parentes passarão da condição de investigados para a de réus. O ex-prefeito e a mu­­­lher ficaram livres da acusação de formação de quadrilha porque, segundo os ministros, em razão da idade deles já ocorreu a prescrição. Mas os outros réus responderão por formação de quadrilha.

Relator do processo, o ministro Ricardo Lewandowski destacou os valores "astronômicos" dos supostos desvios. Ele citou que o prejuízo ao erário foi de cerca de US$ 1 bilhão. Também disse que há informações de que a família Maluf teria movimentado no exterior cerca de US$ 900 milhões, valor superior ao Produto Interno Bruto (PIB) de muitos países, como Timor Leste, Guiné Bissau e Granada.

O ministro destacou que o total de recursos consumidos com a obra da Avenida Águas Espraia­­das, na capital paulista, foi de R$ 800 milhões. Mas que as suspeitas são de que cerca de US$ 1 bilhão teriam sido lavados. Além dos va­­­lores altíssimos, o ministro mostrou ter ficado surpreso com o fato de o caso envolver mais de uma dezena de em­­presas off shore.

O procurador-geral da Re­­­pública, Roberto Gurgel, acusou membros da família Maluf de envolvimento com crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. De acordo com ele, a maioria dos recursos foi desviada da construção da avenida, que, segundo o procurador, consumiu a quantia "absurda" de R$ 796 mi­­­lhões. Na época das obras Maluf era prefeito de São Paulo.

"O que está provado nos au­­­tos, fartamente, é que integrantes da família Maluf uniram-se em torno do objetivo comum de ocultar e dissimular a origem de valores provenientes de crimes contra a Administração Pública praticados por Paulo Maluf enquanto exerceu o mandato de prefeito de São Paulo", disse o procurador.

O destaque da sessão foi o advogado José Roberto Leal de Carvalho, que defende Maluf. "É muito difícil defender Paulo Maluf. Paulo Maluf carrega um carisma de ódio, desde a Copa de 1970 [quando ele presenteou jogadores com automóveis Fus­­ca]. Começa o calvário dele lá", disse Carvalho.

O advogado também criticou o fato de o Ministério Público Federal ter denunciado por formação de quadrilha oito integrantes da família Maluf. "A quadrilha só vai acabar quando matarem todos e restarem três", disse.

José Roberto Batocchio, advogado do filho do deputado, Flá­­vio Maluf, também tratou do assunto. "No Brasil, transformaram formação de família em formação de quadrilha", disse. Ba­­tocchio reclamou do uso pelo Ministério Público de provas fornecidas pela Suíça. Defensor também de Jaqueline Maluf, o advogado disse que ela é uma dona de casa. "É uma dona de casa que só acompanhou o marido e se dedicou a cuidar dos filhos e a administrar o seu lar’, disse.

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