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crime de peculato

STF começa segundo dia de julgamento do inquérito do mensalão mineiro

Na quarta, relator votou pela abertura de ação contra Eduardo Azeredo. Ministro analisará nesta quinta denúncias contra senador por lavagem de dinheiro

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou às 14h44 desta quinta-feira (5) o segundo dia de julgamento do inquérito que investiga o envolvimento do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) com o mensalão mineiro. Na quarta (4), o ministro relator do caso, Joaquim Barbosa, votou pela abertura de uma ação penal contra o tucano pelo crime de peculato (quando o agente público se aproveita do cargo que ocupa para desviar dinheiro em proveito próprio ou alheio).

Nesta tarde, o relator continuará a leitura de seu extenso voto. Ele analisa agora as denúncias contra o senador pelo crime de lavagem de dinheiro. Azeredo foi denunciado pelo suposto caixa dois de sua campanha à reeleição para o cargo de governador de Minas, em 1998, ocasião em que ele acabou derrotado por Itamar Franco.

Depois do relator, dez ministros ainda terão direito a voto no julgamento que analisa se a denúncia contra Azeredo será ou não acatada pelo Supremo. Se aceita, ele passará à condição de réu em ação penal no STF. A expectativa no Supremo é que o julgamento termine ainda hoje. Há, no entanto, a possibilidade de um dos ministros pedir vista do inquérito, o que interromperia a análise do caso por prazo indeterminado.

Voto

Na quarta, o ministro Joquim Barbosa destacou que não há dúvida sobre a existência de "indícios de que o Azeredo tinha conhecimento do desvio de recursos e queria praticá-lo". Segundo o relator, Azeredo teria recebido R$ 4,5 milhões do grupo do empresário Marcos Valério, em plena campanha, para quitar "compromissos diversos". O fato seria comprovado, segundo o ministro, por um recibo assinado pelo próprio tucano.

Em entrevista coletiva nesta tarde, porém, o senador classificou como "falsas" as provas apresentadas pelo magistrado e levantou suspeita sobre o recibo citado por Barbosa. Azeredo afirmou que o documento já é objeto de processo dele contra um suposto lobista, que, segundo ele, receberia passagens de um deputado do PT mineiro para viajar a Brasília.

Para o relator, a maior parte dos valores desviados para o caixa dois da campanha teria vindo de patrocínios de eventos esportivos financiados por companhias públicas do governo mineiro. O Enduro Internacional da Independência teria recebido R$ 3 milhões de duas companhias, a Águas Minerais de Minas S/A (Copasa) e a Companhia Mineradora de Minas Gerais (Comig). Recursos vindos de um patrocício do Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge) para outro evento esportivo também teriam sido desviados para a suposta fraude.

Os valores destinados à publicidade dos eventos esportivos teriam sido recebidos por empresas de Marcos Valério, empresário apontado como o operador do caixa dois da campanha de Azeredo. No total, segundo a denúncia, houve desvio de R$ 3,5 milhões dos recursos repassados pelas companhias estatais.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, defendeu em plenário a abertura de uma ação penal contra Azeredo. Gurgel disse que "existe certeza do crime e indícios veementes de autoria", por meio de documentos relativos a patrocínios de eventos esportivos e análises de contratos bancários.

Defesa

Na defesa de Azeredo, o ex-ministro José Gerardo Grossi desqualificou a denúncia feita pelo MPF. "Não diz onde, quando e de que maneira [os fatos ocorreram]", destacou. "A denúncia não indica um ato de Azeredo com participação de obtenção de dinheiro. Descreve muito sinuosamente, indo para lá e para cá, trazendo coisas impertinentes. O dinheiro de Minas tinha contratos devidos de licitações", acrescentou Grossi.

Outros denunciados por suposto envolvimento com o mensalão mineiro que também seriam julgados pelo STF passaram a responder o inquérito na Justiça Federal de Minas Gerais. Em maio, o inquérito acabou desmembrado por Joaquim Barbosa. Assim, acusados como o empresário Marcos Valério e o ex-ministro das Relações Institucionais Walfrido dos Mares Guia, então coordenador da campanha de Azeredo, passaram a responder ao processo em Minas.

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