
Os sulistas são mais intolerantes à corrupção do que a média dos brasileiros. Essa é uma das constatações de um estudo da empresa Flyfrog, especializada em pesquisa de mercado. Foram entrevistados 400 brasileiros maiores de 18 anos de todas as regiões do país com o objetivo de verificar a condenação ou aceitação a comportamentos controvertidos ou temas de debate na sociedade.
A pesquisa, intitulada “Moral e ética: aquais são os valores que norteiam os brasileiros?”, apresentou 34 frases aos entrevistados. As contravenções e “espertezas” foram elencadas pelos pesquisados conforme a gravidade das atitudes. Os números devem ser lidos da seguinte forma: 1,0 é o ponto de equilíbrio – quanto maior que 1, mais grave é considerado o comportamento; quanto menor, mais aceitável (veja infográfico abaixo).
Os sulistas atribuíram nota 1,35 ao ato de votar em um político corrupto. Para os brasileiros, foi 0,86, mesmo valor a que se chegou ao comportamento de pegar comissão ilegal ou propina por um negócio – entre os moradores do Sul, essa atitude teve nota 1,23.
O ato mais condenado pelos brasileiros foi o aborto ou o auxílio ao aborto (8,31 na média geral e 7,53 entre os sulistas). Esse comportamento foi considerado dez vezes mais grave do que os “pequenos” atos de corrupção citados. Em segundo lugar, com certa distância, está bater em uma mulher (com nota 3,8). Depois, não prestar socorro a pessoas envolvidas em um acidente.
Logo abaixo na lista das atitudes reprovadas aparecem, respectivamente: dirigir embriagado; falar mal ou reclamar de Deus; maltratar um animal; xingar ou maltratar alguém por causa da orientação sexual, raça ou etnia. Espalhar fotos íntimas de alguém nas redes sociais foi considerada uma atitude “neutra” pelos brasileiros (1,08) e grave pelos sulistas (1,31).
Análise
“Percebemos que a moral cristã ainda impera nas opiniões”, diz o sociólogo Rodrigo Toni, coordenador do levantamento, apontando para o alto grau de condenação do aborto e da blasfêmia. Apesar disso, ele destaca que os relacionamentos homossexuais e o divórcio foram considerados menos graves – com notas 0,17 e 0,08, respectivamente. Toni observa também que atos de cidadania ficaram abaixo na lista, apesar de serem reivindicações da sociedade.
Para o sociólogo, há influência de campanhas de conscientização sobre os atos considerados mais graves. “As atitudes ilegais, como dirigir embriagado e bater em uma mulher, foram alvos de intenso debate e campanhas e se tornaram quase que consciência coletiva em reprovação”, avalia. “Isso não quer dizer que os pensamentos se convertam automaticamente em ações, mas a consciência é um primeiro passo.”



