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Preso (com o rosto coberto) deixa a sede da Polícia Federal em Curitiba, ontem à noite | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Preso (com o rosto coberto) deixa a sede da Polícia Federal em Curitiba, ontem à noite| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, se entregou ontem à tarde na superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba. Acusado pelos delatores do esquema da Lava Jato de cobrar propina de obras na Petrobras para o PMDB, ele era procurado pela PF desde a operação que resultou na prisão de uma dezena de envolvidos, na semana passada. Segundo apurou a reportagem, Fernando Baiano estava escondido em São Paulo.

Baiano é suspeito de ser o elo entre PMDB e esquema de corrupção na Petrobras. Na segunda-feira, o advogado dele, Mario de Oliveira Filho, disse que seu cliente é usado como "bode expiatório" da Operação Lava Jato. Segundo o advogado, seu cliente vem colaborando com as investigações e sua prisão "não tem sentido".

Justiça mantém presos 13; outros 11 suspeitos são liberados

Katna Baran

O juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, decidiu ontem à noite manter seis investigados na prisão. Ele transformou a prisão temporária, válida por cinco dias (até esta terça-feira), em prisão preventiva. Com isso, onze presos na última sexta-feira começaram a ser liberado por volta das 22h30 de ontem. Eles seriam libertados após a 0h, quando terminou o prazo de prisão temporária. Outros seis suspeitos com prisão preventiva decretada permanecem detidos. Com isso, 13 pessoas permanecerão presas a partir dessa quarta.

De acordo com o despacho do juiz, devem ser mantidos presos os executivos Dalton dos Santos Avancini e João Ricardo Auler, da Camargo Correa; Mateus Coutinho de Sá Oliveira e José Aldemário Pinheiro Filho, da OAS; Ricardo Ribeiro Pessoa, da UTC; e Renato Duque, ex-diretor de serviços da Petrobras.

Os 11 investigados que devem ser postos em liberdade ficam proibidos de deixar o país, mudar de endereço e são obrigados a entregar o passaporte no prazo de cinco dias e a comparecer a todos os atos do processo.

Sérgio Moro, ao justificar a prisão de Renato Duque por 30 dias, citou que ele é apontado em vários depoimentos como beneficiário do esquema de propina que existiria em obras da Petrobras. Duque teria sido indicado pelo PT para o cargo. "Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef declararam que o mesmo esquema criminoso que desviou e lavou 2% ou 3% de todo contrato da área da Diretoria de Abastecimento da Petrobras também existia em outras Diretorias, especialmente na Diretoria de Serviços, ocupada por Renato de Souza Duque, e na Diretoria Internacional, ocupada por Nestor Cerveró. Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Toyo Setal, e Júlio Gerin de Almeida Camargo, confirmaram esses fatos e detalhes a respeito do pagamento de valores por contratos da Petrobras a Renato de Souza Duque. "Nos relatos minuciosos do desvio de dinheiro e pagamento de propinas (...) há, por outro lado, referência a pagamentos em espécie a ele efetuados, mas também a pagamentos efetuados por depósitos em contas no exterior, tanto indicadas por Pedro Barusco, como por Renato Duque", escreveu o juiz na decisão. Segundo Moro, Duque teria recebido dinheiro na conta da off shore Drenos, mantida no Banco Cramer na Suíça.

Pedido à Justiça

Mais cedo, o advogado de Renato Duque, Alexandre Lopes de Oliveira, entrou com um pedido pedindo para que a prorrogação da prisão temporária do ex-diretor da Petrobras não fosse aceita pela Justiça, o que não foi aceito por Moro. "Avizinhando-se o término do prazo, já tendo sido realizada a diligência de busca, colhidos inúmeros documentos, bem assim tomado o depoimento (...) em que respondeu às indagações formuladas", diz um trecho do documento.

"Ele vinha colaborando, estava intimado, se apresentou espontaneamente duas vezes por petição, forneceu o endereço, aceitou intimação por telefone, o que não existe, abriu mão da carta precatória para ser ouvido no Rio de Janeiro, marcou audiência para amanhã e mandaram prendê-lo. Não tem sentido", afirmou.

Dentre os 25 alvos da operação que tiveram prisão decretada na última sexta, apenas Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP-BA), está foragido.

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