
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, determinou ontem a prisão imediata de mais quatro condenados no processo do mensalão: o deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP), o ex-vice-presidente do Banco Rural Vinicius Samarane e os ex-parlamentares Bispo Rodrigues (PR-RJ) e Pedro Correa (PP-PE). Logo após a expedição dos mandados de prisão, Valdemar Costa Neto renunciou ao cargo de deputado para não sofrer processo de cassação. Dois condenados Correa e Samarane se entregaram na sede da Polícia Federal (PF) de Brasília. Costa Neto e Bispo Rodrigues se entregaram no Presídio da Papuda, onde estão presos outros condenados no mensalão.
Com as quatro prisões determinadas ontem pelo STF, serão 15 os condenados no processo do mensalão a serem detidos para cumprir pena em regime fechado ou semiaberto. O ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, que também teve o mandado de prisão expedido, fugiu para a Itália e está foragido. Joaquim Barbosa reforçou ontem a ordem de prisão de Pizzolato, que já havia sido expedida em 15 de novembro.
Outros três condenados Emerson Palmieri, ex-tesoureiro informal do PTB; Enivaldo Quadrado, ex-sócio da corretora Bônus-Banval, e José Borba, ex-deputado federal (PMDB-PR) foram condenados a penas alternativas e devem começar a cumprir a sentença em breve. No total, 25 réus foram condenados no processo do mensalão.
Déspotas poderosos
Valdemar Costa Neto é o segundo deputado federal condenado no mensalão a renunciar na terça-feira, o ex-presidente do PT José Genoino (SP) abriu mão do mandato para não enfrentar o processo de cassação.
A renúncia dele foi lida no plenário da Câmara dos Deputados pelo líder em exercício do PR, Luciano Castro (RR). É a segunda vez que Costa Neto renuncia ao cargo por causa do mensalão. A primeira foi em 2005, quando o escândalo foi revelado. Na ocasião, ele também abriu mão do mandato para não ser cassado.
Na carta-renúncia, Costa Neto cobrou do Congresso "coragem para enfrentar déspotas poderosos e seus aliados", sem deixar claros quem seriam eles. E cobrou uma reação forte do Congresso: "O Legislativo tem o dever de [tomar] providências enérgicas, sobretudo quando sua autonomia é questionada por circunstâncias de patrocínio inconfessável".
O agora ex-deputado diz ainda na carta que foi condenado de forma injusta. E reclamou pelo fato de, ao ser julgado pelo STF, não ter como recorrer a outra instância. Ele foi condenado a 7 anos e 2 meses de prisão sob a acusação de ter recebido R$ 8,8 milhões em uma negociação para que o PL, hoje PR, apoiasse o governo de Lula no Congresso.
Penas
Bispo Rodrigues, que teve o mandado de prisão expedido ontem, foi condenado a 6 anos e 3 meses de prisão. Pedro Correa, a 7 anos e 2 meses. Como parlamentares, eles participaram do esquema no Congresso. Já Vinícius Samarane, condenado a 8 anos e 9 meses, entrou no esquema por meio do Banco Rural, que foi usado para fazer os pagamentos aos deputados.




