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Osmar Serraglio é o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. | Luis Macedo/Gazeta do Povo
Osmar Serraglio é o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.| Foto: Luis Macedo/Gazeta do Povo

Um dia depois de ter sido acusado por parlamentares de ter manobrado para beneficiar Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o deputado federal pelo Paraná Osmar Serraglio (PMDB) acabou recebendo nesta quinta-feira (14) uma espécie de desagravo de integrantes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.

O próprio paranaense reservou alguns minutos da reunião para “recuperar um pouco da minha imagem”. Ele voltou a explicar que, como presidente da CCJ, apenas cumpria o Regimento Interno da Casa quando encerrou a reunião no dia anterior.

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A maioria temia que o caso Cunha, que já se arrasta na Casa há quase nove meses, fosse jogado para agosto, após o recesso branco. Na quarta-feira (13), Serraglio recebeu duros protestos quando suspendeu a reunião da CCJ. Nesta quinta-feira (14), Serraglio convocou uma nova reunião e o recurso de Cunha acabou derrotado.

Na esteira do vaivém de Waldir Maranhão (PP-MA) sobre o início dos trabalhos no plenário, Serraglio acabou suspendendo a reunião da CCJ cerca de uma hora antes do início dos trabalhos no plenário – pela regra, Serraglio só não poderia conduzir a CCJ de forma concomitante à ordem do dia no plenário da Casa.

Em entrevista à Gazeta do Povo, concedida logo após a reunião da CCJ desta quinta-feira (14), Serraglio voltou a defender sua decisão e disse que recebeu “críticas infundadas”. O peemedebista, contudo, reconheceu o desgaste e lamentou que o episódio possa ter minado suas pretensões eleitorais.

Que avaliação o senhor faz do caso Cunha aqui na CCJ?

Os líderes reconheceram hoje [quinta-feira] a lisura do trabalho. Ficou muito clara a necessidade que nós tínhamos de trazer [a reunião] para hoje. Ontem (quarta-feira) ficamos como um joguete na mão do presidente da Casa, Waldyr Maranhão, mudando [a convocação da sessão no plenário] de hora em hora. Aqui é a CCJ, a mais importante da Casa. Não podemos ser uma marionete, que fica sendo conduzida a distância.

Toda aquela movimentação de ontem, quando gritaram “vergonha” e “golpe”, era como se nós estivéssemos obstruindo a finalização do processo. Mas um processo tem várias fases. Se todas não forem obedecidas, gera nulidade. Eu sou professor de Direito. O mínimo que eu quero é não levar a pecha de estar cometendo uma ilegalidade. Nós só tínhamos mais uma hora ontem e hoje usamos mais de cinco horas para votar. Se nós tivéssemos prosseguido ontem, nós chegaríamos às 23 horas. Quem tinha razão? Quem soube não sacrificar mais os parlamentares que estavam aqui sete horas contínuas retirados do ambiente eleitoral?

Nós estávamos ontem submetidos a um período eleitoral, para escolher o vice-presidente da República eventual, o presidente da Casa. E líderes aqui retidos. E eu recebendo telefonemas, um atrás do outro, inclusive de candidatos. Eu sofri pressão de todo lado. Eu nunca privilegiei [Eduardo Cunha]. Só preservei a legítima defesa.

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O senhor também recebeu pressão de Cunha para adiar?

Não. Ele queria que o relator pedisse mais prazo para estudar os votos em separado, mas o relator não concordou.

O senhor se considera um aliado de Cunha?

Só sou aliado dele no impeachment da Dilma, não em relação à conduta dele.

Se o senhor tivesse que votar na CCJ, qual seria sua posição?

Eu evidentemente votaria de acordo com o parecer vencedor, do deputado federal Max Filho (PSDB-ES), que eu nomeei. A escolha do novo relator foi minha.

E sua posição no plenário? É pela cassação de Cunha?

Com certeza, com certeza.

O senhor teme que sua imagem tenha ficado prejudicada com o episódio?

Ah, ficou. Tirou muito das minhas pretensões. Não adianta. Isso aí fica na internet, na rede social. E toda vez que eu aparecer, a primeira coisa que vão mostrar é gente gritando “vergonha”, gritando “golpe”... Isso nunca apaga, nunca apaga. Vocês não sabem o que isso significa para um parlamentar. Eu, sinceramente, talvez não saia mais candidato a nada, em virtude disso.

Não sairá mais candidato?

Ah, isso é muito forte, muito forte... As pessoas sabem explorar. Você sabe como é isso hoje. Minha esperança é que alguém mostre minhas razões. Tenho insistido com a imprensa. Eu espero que mostrem. Mas nunca será igual. Porque uma coisa é o Jornal Nacional. Outra é sair aqui na esquina.

O senhor se arrepende de ter assumido a CCJ?

Não. É um orgulho para mim. É aquilo: “Não daria minha vida pelas minhas ideias porque eu posso estar equivocado”. Mas, até este momento, eu não acredito que eu esteja equivocado. Está tudo provado. Não adiantava ter prosseguido ontem. Nós estávamos atrapalhando [a eleição]. Estou feliz internamente. Mas infeliz externamente.

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