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Diplomacia

Todos têm telhado de vidro, diz Dilma

Em visita a Cuba, presidente não recebe dissidentes e afirma que direitos humanos não podem ser arma ideológica

Dilma Rousseff em Cuba: presidente participou da deposição de flores no memorial de José Martí, herói cubano | Adalberto Roque/AFP
Dilma Rousseff em Cuba: presidente participou da deposição de flores no memorial de José Martí, herói cubano (Foto: Adalberto Roque/AFP)

Em sua primeira visita oficial a Cuba, a presidente Dilma Rousseff seguiu o roteiro escrito pelo seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva: falar de direitos humanos no país de Fidel Castro é apenas para lembrar que todos têm problemas – e, de preferência, citar a prisão de Guan­­tánamo, ainda mantida pelos Estados Unidos dentro do território cubano.

"Se vamos falar de direitos humanos, nós começaremos a falar de direitos humanos no Brasil, nos Estados Unidos, a respeito de uma base aqui chamada Guantánamo, direitos humanos em todos os lugares", disse a presidente pouco antes do encontro com o presidente Raúl Castro, irmão de Fidel.

"Não é possível fazer da política de direitos humanos só uma arma de combate político-ideológico. O mundo precisa se convencer de que é algo que todos os países têm de se responsabilizar, inclusive o nosso. Quem atira a primeira pedra tem telhado de vidro. Nós no Brasil temos o nosso", afirmou. "Então, eu concordo em falar de direitos humanos dentro de uma perspectiva multilateral. Agora, de fato, é algo que temos de melhorar no mundo de uma maneira geral. Não podemos achar que direitos humanos é uma pedra que você joga só de um lado para o outro."

A fala de Dilma foi um balde de água fria nas esperanças de que os dissidentes da ilha pudessem ter uma declaração mais contundente da presidente. Da mesma forma que Lula nas suas duas visitas ao país, em 2008 e 2010, Dilma recusou-se a fazer qualquer tipo de crítica, mesmo velada, às constantes prisões de dissidentes e aos intermináveis problemas de direitos humanos em Cuba. Mas, como já esperavam os opositores, a presidente também não chegou a defender a situação cubana abertamente.

A agenda de Dilma, centrada na cooperação e nos projetos brasileiros, abriu espaço apenas para um personagem ilustre: Fidel Castro, a quem confirmou que iria ver "com muito orgulho".

Dissidentes

Já os vários dissidentes que pediram audiências no curto tempo que a presidente passará em Cuba não encontraram espaço, nem com outras pessoas da sua comitiva. Mesmo a blogueira e colunista Yoani Sánchez, que em uma carta à presidente pediu o visto e uma audiência. Pergun­­­tada se iria pedir pela permissão de saída para que a blogueira pudesse vir ao Brasil, a presidente afirmou que o país já havia feito sua parte.

A presidente também foi questionada sobre o significado de ter ido ao Fórum Social, na semana passada, e vir essa semana a Cuba, uma pergunta que a deixou, disse, "estarrecida". "Eu fico estarrecida com esse tipo de pergunta. Eu fui à União Euro­­­peia, eu recebi os EUA. Eu andei pra danar. Fui no G20, na China. Como a gente interpretaria o ano passado? O Brasil faz política internacional com todos os países. Nós somos um povo absolutamente pacífico, acreditamos no diálogo, achamos que é fundamental também dialogar com os movimentos sociais", afirmou.

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