
O PT escolhe neste fim de semana suas novas lideranças municipais, estaduais e nacional. No Paraná, quatro chapas concorrem à presidência do diretório, sendo que três delas são de correntes "alternativas" ao campo majoritário do PT. O jogo de forças se dará entre o deputado Ênio Verri, que tenta a reeleição à presidência no Paraná, e os outros candidatos, que têm um direcionamento mais à esquerda dentro do partido. São eles: o deputado federal Doutor Rosinha, o sindicalista Ulisses Kaniak e o jornalista Roberto Elias Salomão. Apoiado pelos ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Paulo Bernardo (Comunicações) e Rui Falcão (atual presidente nacional do PT), Ênio Verri é o favorito na disputa.
A escolha vai influenciar a corrida eleitoral do ano que vem, já que a ministra Gleisi Hoffmann é a aposta do partido para o governo do estado. Verri, que é próximo à ministra, costuma seguir a linha do PT nacional. Já os outros candidatos apontam uma guinada ao que seria o PT original, ou pelo menos mais próximo das bases ideológicas que fundamentam o partido. Eles acreditam que deve haver uma unidade e identidade mais fortes e, para isso, são mais radicais em pontos como a escolha de alianças políticas o que poderia ser um fator complicador para a montagem do cenário político de 2014, inclusive no Paraná.
Rosinha, Kaniak e Salomão concordam que o PT precisa ser mais "seletivo" na escolha de parcerias políticas, já que alguns pontos ligados a essas alianças manchariam a reputação da legenda. "Tem um setor do partido, que é maioria, que tá levando o PT pro buraco. Apoiar Sérgio Cabral [governador do Rio de Janeiro], José Sarney [ senador]. Isso não dá voto", opina Salomão. Kaniak reconhece que o partido só atingiu o atual nível de governabilidade pelas alianças firmadas nos últimos dez anos. "O problema é que foi além, hoje os governantes são reféns dessas alianças", defende. Rosinha acredita que qualquer parceria tenha que ser discutida "com profundidade e de forma programática".
Os três oposicionistas também criticam a atual formação dos diretórios nacional e estadual, que não abririam margem para discussões entre os membros e dariam pouca voz aos militantes e aos eleitores. Kaniak, por exemplo, que é presidente do Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (Senge-PR), diz que o partido deveria se voltar novamente aos movimentos sociais de base, em especial o movimento sindical em alusão ao começo da carreira do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva como sindicalista.
Salomão e Kaniak são ainda mais à esquerda e criticam o governo do Paraná, do tucano Beto Richa (PSDB) e citam a eleição de Fabio Camargo como conselheiro no Tribunal de Contas do Paraná (TC-PR) como um exemplo de como o governo está "desesperado" pela liberação de verba, de acordo com Salomão. E de como o PT está desarticulado politicamente no estado. "Com mais de 40 candidatos na disputa, não se conseguiu votar junto. É um caso emblemático de falta de posição do partido", afirma Kaniak.
Em sua tese de governo, Verri diz que um governo petista deve ser eleito no ano que vem em razão "tanto do desgaste eleitoral vivido desde o pleito de 2012 quanto do aprofundamento da crise administrativa do governo". A reportagem tentou entrar em contato com Verri nesta sexta-feira, mas não foi possível porque o candidato estava em viagem.



