
A demissão do ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio (PT-RJ), dada como certa ontem em Brasília, abriu uma nova disputa de poder entre a presidente Dilma Rousseff e sua base aliada no Congresso. O ministro é o responsável por fazer a articulação política do Planalto com o Legislativo, justamente o principal problema do governo atualmente.
Dilma estaria determinada a nomear para o cargo a ministra da Pesca, Ideli Salvatti (PT-SC) o que seria mais um nome feminino a compor o ministério após a escolha de Gleisi Hoffmann para a Casa Civil. Mas a bancada do PT na Câmara Federal, com o apoio de expressiva parcela do PMDB, tenta emplacar o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder do governo na Casa. Corre por fora para ocupar o ministério o também deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).
A presidente já teria, inclusive, mandado um recado a seus líderes no Congresso: não insistam na defesa de Vaccarezza, porque a escolhida será Ideli. Senadores do PT confirmaram esse recado de Dilma e ontem já faziam consultas informais aos aliados para "testar" o nome de Ideli que foi líder do governo Lula no Senado.
A movimentação em torno da catarinense provocou a reação imediata do grupo de Vaccarezza, que argumenta que o cargo de ministro das Relações Institucionais seria da cota da bancada do PT na Câmara, já que Luiz Sérgio é deputado. Ontem, os deputados petistas tentaram demonstrar união para mostrar à presidente Dilma que a escolha de um nome de fora, como o de Ideli Salvatti poderia criar problemas na Câmara.
O presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), Cândido Vaccarezza e o líder do partido na Câmara, Paulo Teixeira (SP), estiveram reunidos por três horas e saíram juntos para negar à imprensa que existam "divergências" entre os grupos de deputados petistas. "Nossa intenção é acabar com essa conversa e essa impressão de que a disputa do deputado A com o deputado B no PT", disse o presidente da Câmara.
O mesmo Marco Maia reconheceu depois, porém, que disputas internas fazem parte do "DNA do PT", mas afirmou que os grupos estão trabalhando juntos na Casa.
Desde a queda de Antonio Palocci da Casa Civil, os grupos ligados a Vaccarezza e Marco Maia, que duelaram pela presidência da Câmara, discutem a ocupação de espaço na articulação política do governo Dilma Rousseff. Luiz Sérgio é do grupo do Vaccarezza e os deputados "adversários" dentro do PT reclamam do fato de o mesmo grupo ocupar o ministério e a liderança do governo.
O grupo ligado a Maia e a Teixeira queria indicar Arlindo Chinaglia para o ministério e tirar o comando da articulação política, até agora, nas mãos da ala ligada a Vaccarezza.
As duas alas, porém, teriam chegado a um acordo para indicar Vaccarezza para o ministério e algum deputado da ala de Maia para a liderança do governo. A união entre os dissidentes veio justamente diante da possibilidade de perder o cargo para alguém de fora da Câmara a ministra Ideli. Peemedebistas também apoiaram Vaccarezza.
Lobby no Senado
Um pequeno grupo de deputados petistas ontem também circulou pelo Senado para obter apoios para a indicação de Vaccarezza ao ministério. Além de Vaccarezza participam dessa articulação o vice-líder do governo, José Guimarães (CE) e o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, João Paulo Cunha (SP). Eles se encontraram com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP); com o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL); com o líder do PTB, Gim Argello (DF); e com o líder do PT na Casa, Humberto Costa (PE). Oficialmente, porém, Vaccarezza disse que a intenção era apenas buscar um acordo sobre a proposta de emenda constitucional (PEC) que altera o trâmite das medidas provisórias.




