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Caso Cachoeira

Tucano acusa governo do DF de grampo ilegal

Deputado Francischini diz que governo petista teria monitorado seus e-mails para para tentar intimidá-lo

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O deputado federal paranaense Fernando Francischini (PSDB) acusou o chefe de gabinete do governador do Dis­trito Federal (DF), Cláudio Mon­teiro, e o diretor da empreiteira Delta, Cláudio Abreu, de encomendarem a quebra do sigilo de sua correspondência eletrônica. O grampo seria uma forma de pressioná-lo a parar de investigar contratos entre empresa e o governo do DF.

O monitoramento ilegal, segundo o deputado, teria sido pago por Geovani Pereira, apontado pela Polícia Federal (PF) como contador do grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Ele está foragido.

As denúncias foram apresentadas ontem em Curitiba. Como suposta prova do envolvimento da Delta e do governo do DF no grampo, o deputado apresentou trechos de um dos anexos do inquérito da Operação Monte Carlo da PF.

As acusações são fundadas em conversas entre o sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, e o policial federal aposentado Joaquim Gomes Thomé Neto, apontados pelo inquérito da PF como "arapongas" contratados pelo grupo de Cachoeira.

O elo com o governo do DF seria um ex-assessor do governador Marcello de Oliveira Lopes. Conhecido como Marcelão, o policial civil seria homem de confiança do atual chefe de gabinete do governador, Cláudio Monteiro.

Em um dos trechos das conversas interceptadas pela PF, Marcelão combina com Dadá a entrega de um material (supostamente o grampo a Francischini) dentro do palácio Buriti, no mesmo andar em que fica o gabinete do governador. "O governador [Agnelo Queiroz] era um dos interessados, pois eu estava fiscalizando o seu governo e não vou parar", disse Francischini. O governador Agnelo nega as acusações.

O monitoramento ilegal teria ocorrido em janeiro deste ano, quando Francischini investigava denúncias de corrupção de servidores do governo do Distrito Federal pela Delta para a construção de um lixão em Brasília e outras negociações. Os e-mails grampeados são conversas de Franceschini com jornalistas da Folha de S.Paulo e de outros veículos que também investigavam a empreiteira.

"O enredo é esse: dinheiro do jogo para interceptar ilegalmente minha correspondência para intimidar a mim e a imprensa, [interceptação] feita por um policial federal corrupto e levada pelo Dadá, que operava para a Delta para dentro do gabinete do governador do DF", resumiu Francischini. Integrante da CPMI que investiga o caso Cachoeira no Congresso, o parlamentar disse que irá convocar todos os envolvidos para interrogatórios na comissão.

Marcha Fúnebre

O deputado também afirmou ter recebido uma ameaça de morte pelo Twitter na tarde do último domingo. Segundo o parlamentar, um perfil falso, que seria manobrado por pessoas ligadas ao governo do Distrito Federal, fez uma postagem citando o deputado e um link para um vídeo da Marcha Fúnebre.

"É a música tocada em enterro de policiais, para mostrar que eu posso ser o próximo. Isto aflige a minha família. Mas eu, que já prendi grandes traficantes, não me constranjo", afirma. Ele disse que já requisitou à Justiça a quebra do sigilo dos perfis na Internet.

O deputado também negou que conheça Dadá ou o bicheiro Cachoeira, como afirmaram alguns blogs. Para ele, os blogs também são ligados ao governo do DF. "Nunca os vi. E espero vê-los apenas para colocar algema neles", disse.

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