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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Liberação

Mensalão protela ações do Paraná no STF

Dois processos movidos pelo governo do Paraná no Supremo Tribunal Federal (STF) ligados à liberação de recursos para o estado estão na fila de ações que esperam pelo encerramento do julgamento do mensalão para entrar na pauta. O primeiro é um mandado de segurança para permitir o acesso a 70% dos depósitos judiciais de origem tributária. O outro é uma ação cautelar para eliminar a pendência do estado no Cadastro Único de Convênios (Cauc) referente ao gasto mínimo de 12% da arrecadação com saúde.

"Nada tem andado no Supremo em razão disso [julgamento do mensalão]", diz o procurador-geral do Estado, Julio Cesar Zem Cardoso. O mandado de segurança tem como relator o ministro Gilmar Mendes. Ele tenta reverter uma decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que negou no começo do mês o pedido do governo estadual para poder utilizar os depósitos tributários.

Pela Lei Federal 11.429/2006, os estados e o Distrito Federal podem ter acesso a esses depósitos, dentro de um limite de 70%. O Executivo estadual solicitou a utilização dos recursos ao Tribunal de Justiça com base na legislação, mas o pedido foi negado. A partir da negativa, o estado recorreu ao CNJ, novamente sem sucesso, e agora busca uma resposta do STF.

A ação cautelar sobre o Cauc tem como relator o ministro Luís Roberto Barroso, que tomou posse no STF em junho. Até sexta-feira passada, o estado apresentava duas pendências no Cauc. De acordo com o sistema, não havia comprovação de regularidade quanto a tributos e contribuições federais e à dívida ativa da União, além da questão sobre a aplicação mínima de recursos com saúde. Cardoso afirma que o primeiro caso é apenas burocrático e está sendo resolvido com a apresentação de certidões, enquanto o outro deve contar com decisão favorável do STF, com base em processos similares movidos por outros estados.

R$ 817 milhões é o valor do maior empréstimo nacional, feito junto ao Banco do Brasil, dentro do Programa de Apoio ao Investimento dos Estados.

US$ 350 milhões é o maior acordo com organismos internacionais e envolve o Banco Mundial.

As dificuldades na liberação de seis empréstimos negociados pelo governo do Paraná que dependem do aval da União vão fazer com que parte dos recursos envolvidos só possa ser aplicada a partir do próximo mandato de governador (2015-2018). Somados, os financiamentos devem injetar R$ 2,3 bilhões no caixa paranaense, valor superior aos R$ 2,1 bilhões utilizados em investimentos nos dois primeiros anos da gestão Beto Richa (PSDB).

INFOGRÁFICO: Confira como está o andamento dos empréstimos negociados pelo governo do estado

"Na prática, não tem como gastar todo o dinheiro [até 2014]. O Paraná tem fama de ser muito ágil nos projetos e execuções, mas mesmo assim não acredito que cumpra tudo", diz o secretário estadual da Fazenda, Luiz Carlos Hauly. Ele estima uma execução de "até dois terços" do valor total.

As negociações começaram em 2011 e enfrentam uma série de percalços para serem finalizadas (veja a situação de cada uma na tabela ao lado). Todas precisam do aval da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), que tem apontado o descumprimento de exigências para a formalização dos contratos. A administração paranaense tem problemas para comprovar que atende o limite legal de gastos com funcionalismo, além de pendências no Cadastro Único de Convênios com a União (Cauc), ferramenta do governo federal que afere o cumprimento de requisitos fiscais.

Montante

O maior empréstimo nacional, de R$ 817 milhões, é do Banco do Brasil, dentro do Programa de Apoio ao Investimento dos Estados (Proinveste), lançado no ano passado. Em dezembro, a STN barrou pela primeira vez a negociação indicando problemas na composição dos gastos com o funcionalismo estadual – o governo excluía da conta despesas referentes ao pagamento de Imposto de Renda Retido na Fonte e com pensionistas. Sem a composição, não cumpriria o limite de comprometimento de 49% da receita com a folha.

O prazo inicial para todos os estados contratarem o financiamento era até 30 de junho de 2013, mas o Conselho Monetário Nacional fez uma prorrogação para 30 de setembro. "Desde quarta-feira [da semana passada] as pendências do empréstimo do Proinveste estão praticamente resolvidas. O dinheiro vai sair", garante o secretário do Escritório de Representação do Paraná em Brasília, Amauri Escudero, que tem tratado das conversas com a STN.

Negociação

Outros três empréstimos estão sendo negociados com organismos internacionais e, por isso, precisam da aprovação do Senado. O maior acordo, de US$ 350 milhões, envolve o Banco Mundial. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) negocia outros dois financiamentos, de US$ 60 milhões e US$ 67 milhões.

O contrato com o Banco Mundial foi o único aprovado até agora pelos senadores, mas ainda precisa do último aval da STN. A negociação inicial, feita há dois anos, já previa o repasse de recursos até 2016, ou seja, se estendia ao longo do próximo mandato de governador. O acordo prevê o desembolso de uma contrapartida de US$ 633,7 milhões pelo governo do estado.

Pela modalidade de empréstimo negociada, o banco vai colocar os US$ 350 milhões à disposição do estado a partir do cumprimento de metas estabelecidas pelo contrato. Por exemplo: se o governo se comprometer a construir dez escolas em 2014 e não entregá-las, parte da verba prevista para o ano não estará disponível.

O dinheiro do Banco Mundial também servirá para cobrir gastos já realizados pelo governo do estado nos programas definidos. Segundo Hauly, pelo menos R$ 100 milhões se enquadrariam nesse tipo de ressarcimento. "A gente vai tentar encaixar os recursos dos empréstimos em programas que já estão em andamento", sinaliza.

Variação

Estados e capitais triplicam valores de empréstimos no exterior

Agência O Globo

Na tentativa de impulsionar os investimentos, os estados e grandes capitais conseguiram aumentar sua capacidade de endividamento e, assim, passaram a contrair mais empréstimos externos nos últimos dois anos e meio. Com a anuência da União, eles mais que triplicaram os valores que contrataram no exterior entre 2011 e 2012. E este ano segue o ritmo crescente. Levantamento feito na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) sobre os empréstimos junto a organismos internacionais de fomento mostra um número crescente de pedidos aprovados desde 2011, início da gestão da presidente Dilma Rousseff e dos atuais governadores: quase 90 pedidos já foram aprovados, chegando a US$ 15 bilhões, além de 576,5 milhões de euros, para estados, grandes municípios e uma pequena parcela para a União.

Os dados indicam que em 2011 foram aprovados 23 pedidos de empréstimos internacionais, totalizando US$ 2,1 bilhões, outros 221,1 milhões de euros e ainda 33,5 milhões de ienes. Já em 2012 houve uma explosão: um total de 47 pedidos que somaram US$ 9,6 bilhões aprovados, mais 355,4 milhões de euros e 16,4 milhões de ienes. Apenas na meta de 2013, os valores em moeda americana já ultrapassam os de 2011: foram aprovados 17 pedidos, totalizando US$ 3,1 bilhões.

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