O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi preso nesta quarta-feira (15), em São Paulo, em nova fase da Operação Lava Jato, que investiga corrupção, pagamento de propinas e formação de cartel na Petrobras. O juiz Sergio Moro ordenou a prisão preventiva de Vaccari apontando risco de o dirigente petista, “em tal posição de poder e de influência política”, persistir na prática de crimes “ou mesmo perturbar as investigações e a instrução” da ação penal da qual é réu sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro.
A prisão preventiva constrangeu e gerou preocupações no partido e no governo, além de dar fôlego à tese do impeachment da presidente Dilma Rousseff defendida por parte da oposição.
Já o presidente do PT, Rui Falcão, informou em nota que o tesoureiro “solicitou seu afastamento” do cargo “por questões de ordem práticas e legais”. A nota, porém, mantém o discurso de “confiança na inocência” de Vaccari, apontado por investigações da Polícia Federal (PF) como operador de propina do PT no esquema na Petrobras.
A decisão foi divulgada poucas horas depois do encontro emergencial entre Falcão e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente do partido e o advogado de Vaccari, Luiz Flávio Borges D’Urso, classificaram a prisão como “injustificada” e “desnecessária”. A defesa afirmou ainda que vai entrar com habeas corpus.
O pedido de prisão de Vaccari foi feito pela PF em meados de março e cumprido na manhã desta quarta na casa dele, em São Paulo. Logo depois, foi conduzido para a sede da Superintendência da PF em Curitiba. O mandado também contemplava o depoimento da mulher do petista, Giselda Rousie de Lima, que foi tomado ainda em São Paulo. A cunhada de Vaccari, Marice Correa de Lima, também seria presa, mas não foi encontrada.
Fundamentos
O motivo da prisão de Vaccari é reiteração criminosa, segundo os procuradores, já que o tesoureiro teria trajetória de operações suspeitas desde 2004. Ele responde a uma ação penal envolvendo a Cooperativa do Bancários de São Paulo (Bancoop), por doações a partidos, desde 2010. Conforme a decisão do juiz Moro, ao menos cinco delatores da Lava Jato citaram o nome do tesoureiro como operador da propina do PT de contratos da Petrobras (veja ao lado).
Os delatores contaram como era feita a intermediação da propina e citaram casos específicos de verbas ilícitas que chegaram ao PT por meio de Vaccari. Alguns empresários relataram que foram levados pelo tesoureiro a fazer doações eleitorais diretamente ao partido. Em outro caso, ele teria pedido que o dinheiro fosse pago diretamente a uma gráfica que prestava serviços para a legenda.
Moro justifica as prisões também com outras provas, como comprovantes de pagamentos e doações eleitorais oficiais de empresas ao PT. O juiz considera ainda que há indícios de enriquecimento ilícito de familiares do tesoureiro.



