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Investigação da Polícia Federal indica que dinheiro do esquema do publicitário Marcos Valério, enviado do exterior, transitou no Brasil por empresas de fachada até chegar a "laranjas" do deputado federal José Janene (PP), sendo usado para adquirir 11 propriedades rurais e fazendas na região e uma mansão. Nesta quinta-feira, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em Londrina, no Norte do estado, São Paulo e Barueri, no inquérito que investiga lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro nacional.

A PF de Londrina tem na mira movimentações financeiras de origem duvidosa maiores que as descobertas pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CMPI) dos Correios: entre R$ 7 milhões e R$ 10 milhões com origem no ‘valerioduto’. Dinheiro que teria sido aplicado na compra de bens como a mansão de mil metros quadrados no Condomínio Royal Golf, na zona sul de Londrina, em valores próximos a R$ 2 milhões.

Com base no relatório final da CPMI dos Correios, a PF amealhou indícios consistentes de que uma área rural de 10 alqueires em Faxinal foi adquirida por R$ 120 mil por meio do esquema, em nome da mulher de Janene, Stael Fernanda.

Movimentação 300 vezes maior

Após comunicação do Conselho de Controle deAtividades Financeiras (Coaf) em 2004, a PF centrou as investigações na funcionária de Janene, Rosa Alice Valente, casada com um primo do deputado, Meheidin Hussein Jenani. A PF descobriu que o casal tinha uma movimentação bancária 300 vezes maior que a declarada no Imposto de Renda.

O dinheiro sairia do Panamá a partir de uma off-shore cujo dono seria o especulador Naji Nahas, segundo a CPMI. Era recebido no Brasil por empresas como a Taha e a corretora Bônus Banval, em São Paulo, onde uma filha de Janene trabalhou, e depois depositado nas contas dos funcionários do deputado. Nas investigações, a empresa Taha justificou que o dinheiro ia para os funcionários por ordem vinda do Panamá. Já a Bônus Banval alegou que fazia transações de factoring com os funcionários, mas se negou a exibir os documentos à PF.

"Ligamos uma série de depósitos e há indícios que dinheiro do valerioduto foi usado para adquirir bens para a Stael. É um caso concreto. São muitos imóveis e milhões aplicados", afirmou o delegado federal Gérson Machado, que obteve ontem, em buscas e apreensões, documentos sobre as propriedades.

Apesar das revelações que aproximam Janene da compra de bens com dinheiro originado no valerioduto, a PF não o investiga: "O deputado tem foro privilegiado e apenas Supremo Tribunal Federal (STF) ou a Comissão de Ética do Congresso podem pedir esclarecimentos a ele", afirmou Machado.

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