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Visita de Bento XVI

Vaticano dispensa carros que João Paulo II usou no Brasil

Bento XVI vai trazer papamóvel de avião, uma semana antes da viagem

O cerimonial do Papa Bento XVI optou por trazer do Vaticano o papamóvel que será usado em São Paulo. Se não fossem os avanços na indústria automotiva e o medo de possíveis atentados, o pontífice poderia escolher entre pelo menos cinco "papamóveis" que já estão no Brasil e que foram usados em outras visitas papais.

Vencidos pelo tempo mas ainda em funcionamento, são conservados pelo governo federal e colecionadores particulares. Eles retratam um período da história em que vidros blindados não eram exigência de uma visita papal.

O atual papamóvel, produzido a partir de um modelo Classe M, da Mercedes Benz, recebeu uma espécie de cabine na traseira do veículo, totalmente blindada, de onde o papa pode ver e ser visto sem correr riscos. O carro será trazido de avião do Vaticano uma semana antes da visita, que ocorre entre 9 e 13 de maio.

A comissão de religiosos brasileiros que cuida da visita chegou até a analisar a possibilidade de colocar novamente para funcionar o "Papamóvel 2", uma adaptação do Mercedes 608 D, que serviu a João Paulo II em sua visita a Brasília. Com a carroceria aberta, o "Papamóvel 2" foi reprovado em dezembro de 2006, quando foi apresentado para uma comissão do Vaticano.

O caminhão-ônibus, pintado com as cores e o brasão do Vaticano, foi trazido de Brasília para ser avaliado em São Paulo. "A situação política mudou. Hoje a realidade é outra", comenta o tenente coronel Paulo Flávio da Silva, capelão da Aeronáutica responsável pela organização da missa no Campo de Marte em 11 de maio.

No planejamento da visita, outros quatro carros que serviram a João Paulo II nem chegaram a ser cogitados para atender ao novo papa. Em 1980, o colecionador Og Pozzoli cedeu dois carros conversíveis da sua coleção para transportar o papa. Ele teve inclusive a chance de dirigir seu Lincoln K 1938 enquanto levava o pontífice para a missa que ele celebrou no Estádio do Morumbi.

Na mesma visita, seu Chrysler Imperial 1928 transportou o papa no trajeto entre Aparecida e São José dos Campos, no interior de São Paulo. "Mas desta vez dei a honra da condução do carro para o mecânico que cuidava dos meus carros", lembra Pozzoli.

Dois Ford Landau também entraram na história das visitas papais. Em Petrópolis, no Rio de Janeiro, está guardado um Landau em 1979 que foi utilizado por João Paulo II nos dois dias de visita à capital fluminense em 1980. Hoje ele faz parte da coleção de carros antigos da família Affonso.

O curador do acervo, Reinaldo Carneiro de Carvalho, conta que o carro sofreu poucas adaptações para a ocasião. A principal foi a colocação de duas almofadas de couro no asoalho.

No Sul do país, um Landau 1976 do governo do estado do Paraná que serviu ao Papa João Paulo II é conservado como uma relíquia. Ele está cedido em comodato ao Veteran Car Clube, de Curitiba, que mantém o veículo ao lado de aproximadamente 100 automóveis antigos.

O Landau curitibano transportou o Papa nos dois dias de visita que ele fez a Curitiba, em julho de 1980. O carro sofreu adaptações para dar mais conforto ao passageiro ilustre: teto solar, tablado ao lado do banco individual dianteiro, alças para que o Papa pudesse se segurar e suportes para bandeiras nas laterias dos para-lamas dianteiros.

Valor afetivo

Os colecionadores afirmam que o fato do carros terem servido ao Papa não significa orbigatoriamente um aumento no valor de mercado. Um Landau com bom índice de conservação pode valer cerca de R$ 30 mil. Quanto vale o Landau que transportou o papa? "Depende da fé do católico", responde o diretor de relações do Veteran Car Club de Curitiba, Roberto Biesemeyer.

O Landau curitibano costuma chamar atenções em exposições. "Já esteve até em Sorocaba (interior de São Paulo) e muitas vezes em exposições em frente à catedral", comenta o diretor. Segundo Biesemeyer, não é raro visitantes se emocionarem. Em uma das mostras em Curitiba, descendentes de poloneses chegaram a fazer fila para ver o carro. "Muitos passavam a mão no carro e começavam a rezar. Ele sempre é uma atração."

Segundo Biesemeyer, o carro seria encaminhado para um leilão quando o governo do estado começou colocar Opalas no lugar dos beberrões - os Landau fazem em média 5 km por litro. "Ia a leilão por falta de sensibilidade", disse Biesemeyer.

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