O dinheiro do Ministério do Turismo que bancou eventos e festas no Paraná sob investigação do Tribunal de Contas da União (TCU) é oriundo de emendas parlamentares ao orçamento do governo federal. As emendas, no valor total de R$ 2,05 milhões, foram apresentadas pelo deputado federal Alfredo Kaefer (PSDB-PR) em 2009.
Reportagem publicada ontem pela Gazeta do Povo mostrou que o TCU abriu em janeiro deste ano uma tomada especial de contas para apurar supostas irregularidades na aplicação das verbas. O tribunal afirma que há indícios de má-fé por parte da organização não governamental (ONG) que recebeu o dinheiro e realizou os eventos, o Instituto de Desenvolvimento da Organização Nacional de Excelência Administrativa (Iabras). O Iabras já foi presidido por uma ex-assessora de Kaefer.
O deputado nega que tenha havido qualquer irregularidade de sua parte. "Fiz as emendas porque era o caminho mais fácil para que o dinheiro chegasse aos municípios", afirma ele. A verba foi liberada para eventos populares, como a Festa do Porco no Rolete, em Manoel Ribas, e o Réveillon de Foz do Iguaçu.
Kaefer afirma ainda que fez um acompanhamento de todos os eventos e tem certeza de que as festas foram realizadas corretamente. Sobre o fato de o TCU indicar a existência de irregularidades na aplicação da verba como a suposta subcontratação irregular, pela ONG, de empresas terceirizadas , Kaefer diz que não responde pelo Iabras, e que na parte do processo que cabia a ele, tudo correu corretamente.
Assessora parlamentar
Documentos do Iabras registrados em cartório mostram que a presidente do instituto até 2008 era Rosemeri Rodrigues que foi assessora parlamentar de Kaefer.
Rosemeri, que também trabalhou na campanha de Kaefer em 2006, atuava como assessora parlamentar no escritório do deputado em Curitiba. Atualmente, a informação dada no escritório é de que ela não trabalha mais lá.
Kaefer diz que não sabia da atuação de sua ex-assessora na ONG na época em que apresentou as emendas. "Não sabia. Não me recordo quem me indicou a ONG [para destinar a verba da emenda]", diz o deputado. Segundo ele, o mais provável é que a indicação tenha partido de algum município. A reportagem tentou localizar Rosemeri, mas não a encontrou.
Evidência
O Ministério do Turismo entrou em evidência nesta semana exatamente em razão de denúncias de corrupção relacionadas ao uso de verbas de emendas parlamentares. A Operação Voucher, da Polícia Federal, prendeu 36 pessoas ligadas a um esquema de desvio de dinheiro por meio de uma ONG do Amapá.
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